Remodelação governamental. Jamila Madeira puxa pelos galões
Jamila Madeira aproveitou a cerimónia em Belém de tomada de posse de cinco novos secretários de Estado para salientar a sua "gestão criteriosa" do orçamento do SNS
Tendo saído contrariada do Governo, a (agora) ex-secretária de Estado adjunta da Saúde, Jamila Madeira, foi a Belém à cerimónia de tomada de posse do seu substituto, e de outros cinco secretários de Estado - e no final não perdeu a oportunidade de puxar pelos galões da herança que deixou no Ministério da Saúde.
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Falando aos jornalistas ainda em Belém, depois da cerimónia terminar, Jamila fez questão de dizer - sem responder a perguntas - que "após este quase um ano de mandato nas funções de secretária de Estado Adjunta e da Saúde" é com "orgulho" que sai "num momento em que podemos dizer que terminou o mito do SNS ser um buraco sem fundo".
"Pela primeira vez", a meio de setembro, "os números da conta do SNS demonstram a sua sustentabilidade [financeira], algo tão importante para os portugueses", salientou.
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Esquecendo-se propositadamente de referir a ministra da Saúde, Marta Temido - que foi quem forçou a sua saída do Governo - Jamila Madeira salientou que estes números se devem ao "investimento do primeiro-ministro" no SNS e à "gestão criteriosa feita durante este mandato" (ou seja, à "gestão criteriosa" que ela própria fez, enquanto secretária de Estado adjunta e da Saúde, no qual detinha o pelouro orçamental).
"Esse resultado só é possível com o investimento colocado pelo Governo liderado pelo primeiro-ministro [António Costa] e com uma gestão criteriosa que foi desenvolvida durante este mandato", frisou.
Jamila Madeira deixou o Governo e, numa nota enviada à Lusa, fez saber que o fez contrariada. "Não pedi para sair e naturalmente fiquei muito surpreendida com a opção da senhora ministra da Saúde [Marta Temido]. Mas saio de consciência tranquila de missão cumprida com a certeza de que fiz tudo o que estava ao meu alcance num ano particularmente inédito", escreveu.
Jamila Madeira era a nº 2 do ministério da Saúde e agora essa posição passou a ser desempenhada por António Sales, que era o nº 3, assumindo a pasta de secretário de Estado adjunto e da Saúde.
Numa cerimónia que estava marcada para as 17h45 mas começou atrasada oito minutos, o Presidente da República deu posse a Sales e ainda a cinco outros novos secretários de Estado: Diogo Serras Lopes (secretário de Estado da Saúde, ocupando o lugar que era de António Sales), Inês Ferreira (secretária de Estado da Educação, para o lugar que era de Susana Amador), Hugo Mendes (secretário de Estado adjunto e das Comunicações, no lugar de Alberto Souto), Marina Gonçalves (secretária de Estado da Habitação, onde substitui Ana Pinho) e Teresa Coelho (secretária de Estado das Pescas, substituindo José Apolinário).
Susana Amador deixa o Governo por razões pessoais e José Apolinário porque, no âmbito de um acordo entre o PS e o PSD, irá liderar a CCDR do Algarve.
O primeiro-ministro esteve presente na cerimónia e no final foi conversando com todos os presentes, tanto os secretários de Estado que assumiram funções como com aqueles que foram exonerados. A conversa com Jamila Madeira - que se prepara para regressar agora ao Parlamento, assumindo o lugar de deputada para o qual foi eleita pelo círculo de Faro - prolongou-se um pouco mais.
Depois Costa foi reunir a sós com o Presidente da República, no tradicional que os dois mantém em Belém às quintas-feiras,