O que disse Marcelo sobre fazer ou não um só mandato desde 2015

Desde 2015 que o Presidente da República tem sido questionado sobre a sua estadia me Belém. Sempre condicionou um segundo mandado a questões de saúde e alternativas válidas. Esta segunda-feira anunciou a recandidatura.
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Cronologia das principais declarações de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a opção entre fazer ou não um só mandato como Presidente da República, um tema que abordou ainda enquanto candidato presidencial e que retomou em sucessivas ocasiões. Esta segunda-feira anunciou a recandidatura.

2015

24 de outubro:

Numa sessão de apresentação da sua candidatura às presidenciais de 2016, na Voz do Operário, em Lisboa, em que expõe a sua leitura dos poderes presidenciais, sugere que, caso seja eleito, poderá fazer um só mandato.

"Um Presidente da República pode ser tentado a pensar o final do seu primeiro mandato em função da sua reeleição, o que já me levou a defender que, não havendo em Portugal um só mandato de seis ou sete anos - como seria o ideal -, mas dois mandatos de cinco anos, algum dia um Presidente eleito dará o exemplo de fazer os seus cinco anos sem qualquer reeleição e, por isso, não se autocondicionando por causa dela", afirma.

2016

11 de janeiro:

Numa sessão pública enquanto candidato presidencial, em Castelo Branco, explica que no seu entender o ideal seria haver "um só mandato presidencial mais longo", mas que prefere, por prudência, não assumir o compromisso de cumprir um só mandato, caso seja eleito: "O que são cinco anos? Ninguém sabe".

"Eu prefiro pecar por omissão, assumindo o mínimo de compromissos relativamente a um eventual mandato presidencial, do que pecar por excesso", justifica, antevendo que a decisão sobre uma recandidatura "nunca seja tomada antes de perto do fim do mandato".

24 de janeiro:

É eleito Presidente da República, à primeira volta, com 52% dos votos expressos.

9 de março:

Toma posse como Presidente da República, na Assembleia da República.

23 de abril:

Durante uma visita ao interior do Alentejo, numa estufa de morangos em Beja oferece-se para trabalhar na plantação quando terminarem os cinco anos do seu mandato. Questionado se não poderão ser dez anos, responde: "Para já, vamos contar com cinco, para eu ter as mãos lestas, porque isto exige rapidez de mãos".

"Aos dez anos, eu temo que já esteja um bocado gasto", alega, embora considerando logo de seguida que isso "não aconteceu com os demais presidentes, que saíram jovens".

30 de agosto:

Em visita à ilha Selvagem Grande, no arquipélago da Madeira, defende que "tudo o que tiver que ser feito deve ser feito em cinco anos", que tem de "fazer tudo o puder" neste mandato: "Não estou à espera de um segundo para depois fazer o que não consegui no primeiro".

2017

22 de janeiro:

Na sua primeira entrevista televisiva, à SIC, questionado sobre uma recandidatura nas presidenciais de 2021, estabelece um prazo: "Direi qual é a minha posição até ao mês de setembro de 2020".

"Vou convocar bem antes as eleições presidenciais e no momento em que convocar estará claro se eu sou candidato ou não, para não haver a confusão de ser Presidente e ser candidato ao mesmo tempo ou não ser candidato e em qualquer caso estar a fazer caixinha ou guardar até muito tarde a revelação da posição", acrescenta.

09 de março:

No dia em que completa um ano em funções, durante uma aula no Liceu Pedro Nunes, em Lisboa, volta a remeter para o "verão de 2020" a decisão sobre uma recandidatura: "Portanto, daqui a três anos e meio, mais coisa menos coisa, eu vou pesar a situação que existir em Portugal".

E explicita o que pesará na sua decisão: "Se eu sentir que tenho o mesmo dever de consciência de ser candidato que tive quando fui candidato há um ano e meio, eu sou candidato outra vez. Se eu sentir que não tenho esse dever de consciência, porque o país está numa situação tal em que há outras hipóteses tão boas ou melhores do que eu, não há o dever estrito de ser candidato, eu não sou candidato".

"Naturalmente tenho de ver se estou de saúde ou não - ninguém sabe, três anos e meio são três anos e meio. Tenho de olhar, portanto, para a minha vida pessoal, para a minha vida familiar, é evidente. Mas, o que vai pesar vai ser obviamente a situação do país", completa.

2018

24 de janeiro:

No dia em que passam dois anos da sua eleição, em visita ao Hospital de Santa Maria, em Lisboa, reitera que "só no verão de 2020" é que decidirá "se sim ou não" se recandidatará ao cargo de Presidente da República.

09 de março:

Numa cerimónia no Palácio de Belém em que assinala dois anos de mandato, compromete-se a não utilizar o cargo para uma "candidatura escondida", caso decida recandidatar-se, e manifesta-se também contra "despedidas grandiosas no termo dos mandatos", reafirmando que "o mais tardar no fim do verão" de 2020 tomará uma decisão.

"A partir desse momento, tomada uma posição, de duas, uma: ou eu serei candidato - então tenho de me portar como candidato, não vou utilizar o cargo de Presidente para fazer candidatura escondida, que é uma forma de desigualdade em relação aos outros candidatos; ou não sou candidato", declara.

Acrescenta que "é uma avaliação que tem de ser feita olhando para como é que está o país económica e socialmente naquele momento, como é que está politicamente, como é que está a Europa, como é que está o mundo, o que é que isso significa nos nossos anos seguintes".

8 de maio:

Na segunda parte de uma entrevista à Renascença e ao Público, diz que uma nova tragédia como os incêndios do ano anterior, a acontecer, seria um fator "impeditivo de uma recandidatura" sua ao cargo de Presidente da República.

29 de outubro:

Num discurso em inglês perante participantes na Web Summit, em Lisboa, admite em tom descontraído que a permanência desta cimeira tecnológica por 10 anos em Portugal possa ter como "efeito colateral, não necessariamente muito positivo", uma recandidatura nas presidenciais de 2021.

Depois, desvaloriza esta declaração dizendo que falou "ironicamente", usando "humor anglo-saxónico".

2019

24 de janeiro:

Questionado pelos jornalistas, em Lisboa, no dia em que passam três anos da sua eleição, alarga até outubro de 2020 o intervalo de tempo para a sua decisão sobre uma recandidatura: "Ainda não chegámos ao ponto de eu ter de decidir. Decidirei no verão, algures entre agosto, setembro, o mais tardar outubro de 2020".

25 de janeiro:

No Panamá, onde participa na Jornada Mundial da Juventude, com o papa Francisco, após ser anunciado que a próxima edição deste encontro católico será em Portugal, em 2022, assume "uma grande vontade" de se recandidatar para estar em funções nessa ocasião.

"Eu tenho dito que a minha decisão é só em meados de 2020. Saio daqui - e amanhã admito que mais - com uma grande vontade de, se Deus me der saúde e se eu achar que sou a melhor hipótese para Portugal, com uma grande vontade de me recandidatar", afirma, ressalvando: "Tenho de ter saúde e tenho de ver se não há ninguém em melhores condições para receber o papa".

6 de fevereiro:

Durante a inauguração das novas instalações do grupo Impresa, em Oeiras, no distrito de Lisboa, relativiza as suas palavras no Panamá sobre uma recandidatura: "Isso é uma coisa muito curiosa. Eu tinha dito a mesma coisa já em várias ocasiões".

"Quando foi da Web Summit, disse: agora, com a Web Summit dez anos em Lisboa, eu confesso que isto é muito motivador, é mais motivador", recorda, apontando então a presidência portuguesa da União Europeia, no primeiro semestre de 2021, como outro acontecimento "muito motivador".

Contudo, volta a referir que, para se recandidatar, "primeiro, é bom que esteja de saúde, isso é uma condição básica, e, segundo, que não ache que há alguém em melhores condições de exercer a função".

9 de março:

Em visita de Estado a Angola, passa em Luanda o aniversário do seu terceiro ano de mandato como e realça que ser Presidente da República "é um cargo exigente", repetindo que a saúde será um fator determinante na decisão sobre uma recandidatura, assim como haver ou não "alguém em melhores condições" para o exercício do cargo.

31 de maio:

Na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), em Lisboa, considera que, face aos resultados das eleições europeias, "há uma forte possibilidade de haver uma crise na direita portuguesa nos próximos anos" e associa à sua decisão sobre uma recandidatura "o quadro de equilíbrio de poderes" que existir em Portugal nesse momento.

26 de setembro:

Em visita a uma livraria de antiguidades em Nova Iorque, entre raridades de milhares de dólares, começa a fazer as contas a uma eventual campanha de recandidatura à Presidência da República: "Se começar a comprar, não terei recursos para me candidatar outra vez", comenta.

Enquanto folheia livros antigos, vai conversando em inglês com uma das proprietárias: "Eu não gasto muito dinheiro, sabe quanto é que gastei na minha campanha presidencial? Não vai acreditar. 167 mil euros, o equivalente a 180 mil dólares. Não é muito".

"Da próxima vez, será menos do que isso", assegura, para de imediato corrigir: "Não há próxima vez".

10 de outubro:

O Jornal da Noite da SIC às 2000 abre com a notícia de que o Presidente da República vai fazer um cateterismo, anunciado pelo próprio no programa Alta Definição, previamente gravado, em que defende que não deve omitir o seu estado de saúde, do qual faz depender uma eventual recandidatura.

"É evidente que, antes de me candidatar eu, com este estilo de presidência, que é uma presidência próxima, que significa próxima também fisicamente - e eu não vou mudar de estilo, se for candidato e se for eleito, não vou fechar-me no palácio, deixar de ir para me preservar, para não me expor e tal - é evidente que terei de fazer exames como aqueles que vou fazendo agora correntemente graças à minha hipocondria", declara, nesse programa, emitido na íntegra em 12 de outubro.

31 de outubro:

À saída do Hospital de Santa Cruz, em Oeiras, após ter alta, na sequência do cateterismo cardíaco, diz que se sente "verdadeiramente melhor" e que o estado da sua saúde "é um fator positivo na ponderação" sobre uma recandidatura, decisão que remete para outubro de 2020.

2020

30 de janeiro:

Durante uma visita a uma fábrica de cerâmica, em Sintra, adia a decisão sobre uma recandidatura "lá para novembro", argumentando que "há outras coisas mais importantes como ser Presidente da República" e que há que evitar "um ruído antecipado que perturbasse o exercício das funções".

11 de fevereiro:

No Palácio de Belém, declara aos jornalistas que "qualquer decisão que, enquanto cidadão, venha a tomar" sobre uma eventual recandidatura nas presidenciais de 2021 "será sempre posterior à convocação das eleições", que fará "como Presidente".

Defende que essa "é a única maneira de poder exercer a magistratura tal como é exigido na Constituição e tal como o país também exige" e que "o Presidente não deve convocar as eleições já tendo dito se é ou não é candidato presidencial".

13 de maio:

Após 45 dias de estado de emergência devido à pandemia de covid-19, durante uma visita conjunta à Volkswagen Autoeuropa, em Palmela, no distrito de Setúbal, o primeiro-ministro, António Costa, manifesta a vontade de regressar àquela fábrica com Marcelo Rebelo de Sousa num segundo mandato presidencial, contando, portanto, com a sua recandidatura e reeleição.

"Nós vamos ultrapassar esta pandemia e os efeitos económicos e sociais este ano, no ano que vem, nos anos próximos. E eu cá estarei, e cá estaremos todos, porque isto é um espírito de equipa que se formou e que nada vai quebrar. Cá estaremos este ano e nos próximos anos a construir um Portugal melhor", declara, a seguir, Marcelo Rebelo de Sousa.

17 de maio:

Visita um mercado municipal, na Ericeira, distrito de Lisboa, onde afirma que ainda não decidiu se irá recandidatar-se e, face à pandemia de covid-19, coloca a campanha para as presidenciais de 2021 "em décimo lugar" na lista de preocupações dos portugueses.

22 de maio:

Está com o presidente do PSD, Rui Rio, num almoço, em Ovar, no distrito de Aveiro, onde tinha sido decretada uma cerca sanitária durante cerca de um mês para conter a transmissão da covid-19, mas afasta as presidenciais da agenda desse encontro.

"Seria um desperdício. Hoje vamos falar do que é prioritário, que é o que ainda estamos a viver. O resto tem o seu momento. Não é este o momento", considera Marcelo, defendendo que "o que preocupa os portugueses é a vida, a saúde, o emprego, o rendimento e os salários", e que, mais tarde, "em novembro, dezembro, janeiro, poderá falar-se de outras coisas".

5 de junho:

Antes de um almoço a dois, em frente ao Tejo, em Lisboa, com Rui Rio, afirma que acompanha "com maior atenção" aquilo que é transmitido sobre a posição do PSD quanto a uma eventual recandidatura sua a Presidente da República, por ser o partido a que pertence.

Nesse dia, em entrevista à TSF, Rui Rio tinha dito que "obviamente o mais provável" seria o apoio do PSD a uma recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, excluindo que o partido possa "não ter posição e dar liberdade de voto" nas presidenciais.

10 de setembro:

Questionado sobre as candidaturas da socialista Ana Gomes e de Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, às presidenciais de 2021, declara que "o Presidente da República não comenta eleições nem candidatos" e, confrontado com a possibilidade de vir também ele a ser candidato, responde: "O Presidente da República só é Presidente da República".

2 de novembro:

Em entrevista à RTP, diz que irá convocar as eleições presidenciais "até ao final do mês de novembro" e depois anunciará a sua decisão sobre uma recandidatura em "finais de novembro, princípios de dezembro".

24 de novembro:

Marca as eleições presidenciais para 24 de janeiro de 2021.

27 de novembro:

Com o estado de emergência novamente em vigor em Portugal, defende em declarações aos jornalistas, em Lisboa, que não deve neste momento "estar a misturar candidaturas presidenciais" com o exercício do cargo de Presidente da República, para "ficar claro" que é nessa qualidade que toma decisões.

"Neste momento, continuo a considerar que é mais importante ser Presidente da República, só, a ser Presidente da República e candidato presidencial", afirma.

"Porque eu, de facto, fui eleito para ser Presidente da República até 9 de março, não fui eleito para preparar uma recandidatura. E, portanto, é mais importante o mandato como Presidente da República do que a decisão sobre se sou ou não candidato a um novo mandato presidencial. Foi para o primeiro caderno de encargos que eu fui eleito e que os portugueses me pagam. Pagam-me para eu ser Presidente da República, não me pagam para eu ser candidato a uma reeleição", argumenta.

1.º de Dezembro:

À margem de uma cerimónia comemorativa do Dia da Restauração da Independência, na Praça dos Restauradores, em Lisboa, diz aos jornalistas que tem recebido "várias pressões de diversa natureza, e nas últimas semanas mesmo quem envie assinaturas, recolha assinaturas, envie cartas" para se recandidatar.

"Mas a decisão é minha. A decisão obedece a um objetivo: é esperar por um momento em que ainda devo intervir como Presidente da República no quadro do estado de emergência, só depois disso é que sinto que devo tomar a decisão e comunicá-la aos portugueses", acrescenta.

7 de dezembro:

Anuncia que se recandidata ao cargo de Presidente da República na pastelaria Versailles, em Belém, Lisboa, que se situa na esquina da rua da Junqueira com a Calçada da Ajuda, junto ao Palácio de Belém, e que funcionou como sede de campanha da sua candidatura às eleições presidenciais de 2016.

"A minha primeira palavra é para vos dizer que sou candidato à Presidência da República, porque temos uma pandemia a enfrentar, porque temos uma crise económica e social a vencer, porque temos uma oportunidade única de, além de vencer a crise, mudar para melhor Portugal", afirmou.

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