O Presidente da República deixou o aviso aos partidos de que não irá pactuar com uma crise política que os "portugueses não perceberiam", a propósito da aprovação do Orçamento do Estado. "Todos são obrigados a pensar no interesse nacional. Não contem com o Presidente para crises políticas", frisou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações efetuadas durante a visita à Feira do Livro de Lisboa. A dissolução da Assembleia da República é assim posta de lado pelo Presidente..Para Marcelo Rebelo de Sousa, os partidos políticos devem entender-se e salientou, de forma vigorosa, que uma crise política é algo que não considera admissível. "Crise política é uma ficção", disse, dirigindo-se sobretudo aos partidos que suportam a geringonça (PS, BE e PCP).."Isso é uma aventura. Em cima da crise da saúde e da crise económica, uma crise política era a aventura total. A alternativa seria uma crise a prazo, isto é, o Presidente empossado no dia 9 de março, seja ele quem for, estar a dissolver para eleições em junho. Isto não existe, isto é ficção. Portanto, uma crise política ou a ameaça de crise política é ficção", afirmou o Presidente.."Desenganem-se os que pensam que, se não houver um esforço de entendimento, vai haver dissolução do Parlamento no curto espaço de tempo que o Presidente tem pela frente para isso, que é até ao dia 8 de setembro", deixou claro..Depois de 8 de setembro, constitucionalmente, devido às próximas presidenciais, o Presidente da República fica impedido de dissolver a Assembleia da República e o governo, em caso de crise política, teria de governar em duodécimos..O Chefe do Estado referiu que irá receber os partidos com representação parlamentar quando houver uma proposta de lei de Orçamento do Estado para 2021 e aconselhou-os a "dialogarem, falarem, ver como é que se viabiliza um Orçamento que é fundamental para a utilização dos fundos que vêm de Bruxelas, para o plano de recuperação que é tão necessário".."Naturalmente que pluralismo é pluralismo, ninguém é obrigado a violentar a sua consciência, mas são todos obrigados a pensar no interesse nacional", defendeu.