"O país não se pode dar ao luxo de perder a geração mais qualificada de sempre"
O primeiro-ministro reconheceu que é essencial dar perspetivas de futuro à juventude e fez um apelo para que o país consiga aproveitar os seus recursos humanos na mensagem de Natal. "É essencial uma clara melhoria nas perspetivas que os jovens têm na sua realização profissional: menos precariedade, salário justo, expectativa de carreira, possibilidade de conciliação da vida profissional com a vida familiar. O país não se pode dar ao luxo de perder a sua geração mais qualificada de sempre. E por isso não desistimos de incentivar o regresso de quem no passado partiu", afirmou, para logo de seguida chamar a atenção para o papel das empresas em dar condições aos trabalhadores qualificados. "Têm também de compreender que, na economia global onde vivemos, se querem ser competitivas a exportar têm também de ser competitivas a recrutar e a valorizar a carreira dos seus quadros."
Para António Costa, Portugal vive "um momento particularmente importante": pela "primeira vez desde o início do século a economia cresceu mais do que a média europeia, reduzindo fortemente o desemprego e permitindo-nos finalmente ter contas certas e melhorar a vida das famílias."
Para o governo, "virada a página dos anos mais difíceis", há agora que dar "continuidade a este percurso sem riscos de retrocesso" e, por outro lado, garantir que mais pessoas beneficiem da retoma económica. "Eu não me iludo e não nos podemos iludir com os números. É verdade que temos mais 241 mil empregos criados, mas ainda há muitas pessoas a procurar emprego. Os rendimentos têm melhorado, mas persistem níveis elevados de pobreza", reconhece. Tal como lembra que ainda há 680 mil portugueses sem médico de família.
É a evolução na continuidade que António Costa aposta. "A primeira condição é dar continuidade às boas políticas que nos têm permitido alcançar bons resultados. Temos de continuar a melhorar os rendimentos e a dignidade no trabalho. Aumentar o investimento na educação, na formação ao longo da vida, na criação cultural e científica, na inovação."
Mas para o primeiro-ministro há também que continuar a criar condições a existência de "empresas mais sólidas, com melhores condições para investir na sua modernização tecnológica, exportarem mais e para mais mercados, criando mais postos de trabalho, mais estáveis e melhor remunerados".
Ao nível do Estado, Costa destaca o investimento "na qualidade dos serviços públicos, como o Serviço Nacional de Saúde ou os transportes", mas também na modernização das infraestruturas.
Relembra, contudo, que estes objetivos têm de ser realizados num quadro de responsabilidade e equilíbrio, para "eliminar o défice e reduzir a dívida, condições essenciais à credibilidade internacional que Portugal reconquistou" e que é condição fundamental para reduzir os juros e com isso melhorar o nível de vida dos portugueses.
Na alocução aos portugueses, o chefe do executivo disse que há dois desafios a vencer: o aproveitamento do território marítimo e do interior do Continente, e a inversão da curva demográfica.
"O primeiro é o pleno aproveitamento do nosso território, valorizando os recursos que desaproveitamos no imenso mar que os Açores e a Madeira prolongam até meio do Atlântico. Ou também no interior do Continente, onde podemos aproveitar o potencial natural e a sua proximidade a um mercado ibérico de 60 milhões de consumidores, para podermos repovoar esse território e ganharmos maior coesão territorial."
O segundo é o desafio demográfico, que afirma não se poder resolver só com a imigração. "É absolutamente essencial que os jovens sintam que têm em Portugal a oportunidade de se realizarem plenamente do ponto de vista pessoal e profissional e assegurar assim uma nova dinâmica à natalidade. A nova geração das políticas de habitação, as novas políticas de família com o aumento do abono de apoio às crianças, o alargamento da rede de creches, a universalização da rede pré-escolar, a diminuição do custo dos transportes públicos, procuram criar melhores condições para as famílias e para a autonomização dos jovens", afirmou.
No discurso de pouco mais de seis minutos e meio, Costa deixou ainda uma "palavra de especial reconhecimento aos militares das Forças Armadas e das forças de segurança que estão longe das suas famílias", mas também àqueles que "esta noite estão a trabalhar em empresas ou serviços públicos de laboração contínua como são, por exemplo, os hospitais".
O chefe do governo deixou ainda uma mensagem ainda de "conforto e esperança" para os cidadãos que estão sós, "por circunstâncias várias da vida".