Marcelo sem agenda no dia de anos... mas há quem o espere para cantar os parabéns
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, faz nesta quarta-feira 70 anos, e tudo indica que deverá aproveitar o dia para fazer uma invulgar pausa. De acordo com a assessoria de imprensa da Presidência da República, o Chefe do Estado "não tem agenda" marcada para o dia, nem está programada qualquer cerimónia mais ou menos oficial em Belém para assinalar a data. Por outras palavras, no caso concreto o acontecimento é mesmo a falta de acontecimentos. Ainda assim, tratando-se de Marcelo, é bem possível que apareça em algum lado. E há pelo menos um local, em Lisboa, onde terá muita gente à espera para lhe dar os parabéns.
Pelas 18.00, no El Corte Inglés, será lançado o livro O Presidente dos Afetos, escrito pela jornalista Cláudia Sebastião. E António Fonseca, do departamento de comunicação da Editora Paulus, confirma ao DN que "naturalmente" seguiu um convite para o Palácio de Belém ao qual ainda não foi dada resposta definitiva. "Convidámos o senhor Presidente da República, claro, mas não sabemos se ele vai. Não é garantido que esteja", assumiu. "Mas esperamos poder cantar-lhe os parabéns." Quanto ao bolo, disse, "não está previsto, mas, tendo em conta o local onde é o lançamento, não será difícil de encontrar".
Garantidamente presentes na cerimónia, confirmou, estarão "o núncio apostólico [representante da Santa Sé em Portugal, Dom Rino Passigato], o general Ramalho Eanes e Manuela Eanes, o xeque Munir, da Comunidade Islâmica, Jaime Ayash, vice-presidente da Comunidade Israelita, e a doutora [Isabel] Galriça Neto, dos cuidados paliativos do Hospital da Luz". Muitos deles, de resto, deram o seu depoimento para o livro. No entanto, a presença de familiares do Presidente está ainda por confirmar, o que leva a crer que Marcelo Rebelo de Sousa poderá mesmo ter optado por passa o dia longe das objetivas. No ano passado, o Presidente teve um dia de aniversário carregado de eventos, participando nas cerimónias dos 700 anos da Marinha e realizando uma reunião em Belém sobre a Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas em Situação de Sem-Abrigo.
O livro tem mais dois lançamentos previstos: para o Porto, na próxima sexta-feira, com apresentação do jornalista Júlio Magalhães; e em Pedrógão Grande, no domingo, com apresentação da presidente da associação das vítimas dos incêndios de 2007, Nádia Piazza.
No dia 12 de dezembro de 1948, data de nascimento de Marcelo Rebelo de Sousa, o principal destaque na primeira página do DN eram "as chuvas torrenciais", acompanhadas de "vento ciclónico", que se tinham abatido sobre Lisboa na véspera. E foi ainda debaixo de "chuva intensa" que, segundo contam os biógrafos, a mãe do atual Presidente da República, Maria das Neves, foi levada de carro ao hospital por um amigo do pai, Baltazar. Um amigo que tinha fama de não gostar nada de conduzir: Marcelo Caetano.
Setenta anos depois, as previsões meteorológicas para o dia 12 de dezembro são bastante mais brandas. De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, não são esperados mais do que alguns "chuviscos". Mesmo assim, olhando para a edição desse dia do DN é impossível não notar algumas coincidências.
Desde logo a referência, nessa primeira página, ao Natal dos Hospitais - uma iniciativa do DN que perdurou e que voltará a realizar-se amanhã, com a presença confirmada de Marcelo Rebelo de Sousa. Mas também a notícia de que o então Chefe do Estado, marechal Carmona, tinha inaugurado as "comunicações radiotelefónicas com Lourenço Marques", atual Moçambique, onde o pai de Marcelo, Baltazar Rebelo de Sousa, viria a ser governador-geral 20 anos depois.
Por fim, na atualidade internacional, dava-se conta de uma crise nas relações entre Washington e Paris, descrita pela imprensa norte-americana como uma das piores de sempre. Setenta anos depois, os comentários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre os protestos dos coletes amarelos em França viriam a provocar mais um - raro - momento de tensão entre os dois tradicionais aliados, com o executivo francês a ver-se forçado a pedir a Trump para não se imiscuir em questões internas do país.