A comunicação entre várias entidades não foi efetuada "com a necessária tempestividade", o que poderá "ter comprometido o tempo de resposta dos meios de busca e salvamento, conclui o relatório da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC), divulgado esta terça-feira, sobre as circunstâncias da queda do helicóptero do INEM, que fez quatro mortos..O relatório preliminar conclui que "o contacto com o Rescue Cordination Center (RCC), da Força Aérea Portuguesa, para a identificação de um possível acidente com uma aeronave, tanto por parte da NAV Portugal como do CONOR (112), não foi efetuado com a necessária tempestividade, podendo ter comprometido o tempo de resposta dos meios de busca e salvamento"..A ANPC começa por mencionar as condições meteorológicas adversas, sentidas na tarde e noite do acidente, sábado, dia 15, e a orografia do terreno "foram fatores condicionantes para o desenvolvimento das buscas desde a chegada dos primeiros meios"..Relatório aponta falhas à NAV Portugal.A Proteção Civil aponta, no entanto, o dedo às diligências efetuadas pela NAV - Navegação Aérea de Portugal..Segundo o documento, divulgado na página da Proteção Civil, a NAV Portugal, responsável pela gestão do tráfego aéreo, desenvolveu, durante 20 minutos (das 19:20 às 19:40) "as suas próprias diligências, em detrimento do cumprimento do estipulado na Diretiva Operacional Nacional n.º 4 -- Dispositivo Integrado de Resposta a Acidentes com Aeronaves"..A Diretiva Operacional n. º4, da ANPC, determina que assim que haja conhecimento de um acidente com uma aeronave deve, em primeiro lugar, e o mais rápido possível, informar-se o Centro de Busca e Salvamento da Força Aérea..A Proteção Civil apurou ainda que o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) do Porto "foi alvo de seis tentativas de contacto telefónico, sendo que apenas uma delas foi abandonada antes do atendimento"..Após alerta de cidadãos, o Centro Operacional do Norte do 112 "não alertou o CDOS do Porto.O relatório preliminar acrescenta que, após o contacto de cidadãos, o Centro Operacional do Norte do 112 "não alertou o CDOS do Porto, dando preferência ao despacho de meios das forças de segurança, e não encetou diligências junto da ANPC para restringir a área de busca".."Tratando-se de uma ocorrência absolutamente excecional e que levou a uma resposta, também ela, de exceção, importa apresentar todos os dados associados aos diferentes momentos da mesma, incluindo o alerta inicial, passando pelos diferentes momentos de acionamento e reforço de meios. Pretende-se com o presente documento coadjuvar na perceção da complexidade do evento, dos contornos da resposta e dos constrangimentos identificados", pode ler-se no relatório preliminar, com 17 páginas..A queda do helicóptero do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), no sábado, em Valongo (distrito do Porto) provocou a morte a quatro pessoas -- dois pilotos, um médico e uma enfermeira..O helicóptero regressava a Macedo de Cavaleiros (distrito de Bragança), depois de transportar uma idosa com problemas cardíacos graves até ao Hospital de Santo António, no Porto..Governo ordena à Proteção Civil que apresente "propostas de correção".Em nota divulgada pelo Ministério da Administração Interna, o relatório preliminar vai ser enviado ao ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, ao ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, "para esclarecimento das circunstâncias da não observância dos procedimentos previstos na Diretiva Operacional n.º 4 - dispositivo Integrado de Resposta a Acidentes com Aeronaves pela Força Aérea e pela NAV {Navegação Aérea de Portugal]"..A Diretiva Operacional n. º4, da ANPC, determina que assim que haja conhecimento de um acidente com uma aeronave deve, em primeiro lugar, e o mais rápido possível, informar-se o Centro de Busca e Salvamento da Força Aérea..O documento com as conclusões do relatório preliminar vai ser também enviado ao primeiro-ministro, António Costa, à ministra da Saúde, Marta Temido, e à Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, "para os devidos efeitos"..Esta segunda-feira, a Procuradoria-Geral da República instaurou um inquérito "para apurar as circunstâncias que rodearam a ocorrência". "As investigações são dirigidas pelo Ministério Público do DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal] do Porto", afirma a Procuradoria-Geral da República, em resposta a questões da agência Lusa..Perante as conclusões do documento, o Ministério da Administração Interna pede à Proteção Civil que sejam aprofundadas "as circunstâncias que rodearam a comunicação da ocorrência e a mobilização de meios de socorro visando a plena caracterização dos factos"..O Governo pede ainda à ANPC a "apresentação de propostas de correção de procedimentos normativos aplicáveis".."Provavelmente seria sempre impossível salvar a vida dos quatro heróis que pereceram neste acidente", diz ministro.Em declarações aos jornalistas, à margem de uma conferência organizada pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) sobre migrações, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, escusou-se a comentar os resultados preliminares do relatório, mas adiantou que já produziu despacho remetendo as conclusões para o Ministério Público..O ministro frisou que o objetivo deste tipo de relatório "é melhorar a capacidade de resposta das instituições", sublinhando que se tratou de uma situação em que "provavelmente seria sempre impossível salvar a vida dos quatro heróis que pereceram neste acidente".."O relatório preliminar visa fundamentalmente a articulação entre mecanismos de socorro, por outro lado chamando a atenção para situações de violação de protocolos que estão definidos em diretivas operacionais, neste caso na diretiva operacional número quatro sobre acidentes com aeronaves", apontou o ministro..Relativamente ao relatório final, Eduardo Cabrita disse que envolve todas as entidades e "tem a ver com o aperfeiçoamento dos mecanismos de interligação"..Com Lusa..Atualizado às 12:32