Governo suspende inquérito polémico a funcionários públicos até às eleições

Executivo alega que a "visibilidade" do processo pode comprometer os resultados.
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O Governo anunciou esta quinta-feira a "suspensão temporária" do inquérito sobre questões motivacionais dirigido aos funcionários públicos, por considerar que "a elevada visibilidade" do tema em período pré-eleitoral pode "comprometer a fiabilidade dos resultados".

"Considerando que a elevada visibilidade do assunto em período pré-eleitoral pode comprometer a fiabilidade dos resultados, inviabilizando todo o inquérito e a comparabilidade com os resultados obtidos em 2015, o Governo determinou a suspensão temporária do inquérito e que o preenchimento dos questionários e as fases subsequentes sejam retomados após as eleições legislativas marcadas para dia 06 de outubro", lê-se num comunicado divulgado pelo gabinete do ministro das Finanças.

Na nota, o ministério de Mário Centeno refere que "o Governo tomou conhecimento esta semana do lançamento da segunda edição de um inquérito sobre questões motivacionais promovido pela Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP), um questionário "dirigido a todos os trabalhadores em funções públicas" e que "aborda um conjunto de questões relacionadas com a motivação no trabalho, nomeadamente decorrentes da ação governativa".

"Aproveitamento inacreditável dos meios do Estado"

O jornal online Observador noticiou quarta-feira que a Direção-Geral da Administração e Emprego Público enviou um inquérito a a mais de 500 mil trabalhadores da administração central com o objetivo de apurar o que motiva e desmotiva os funcionários públicos. O inquérito é uma reedição de uma iniciativa idêntica feita em 2015, mas desta vez com novas perguntas relativas ao atual e ao anterior governo.

Entre outras questões, os funcionários públicos eram questionados sobre se o período da troika (que coincide com a governação de Passos Coelho) os desmotivou, e se políticas como a reposição de salários e o descongelamento progressivo das carreiras - medidas desta legislatura - lhes deram maior motivação.

Conhecida a notícia, fonte oficial da DGAEP disse à agência Lusa que "a construção do questionário é da responsabilidade da equipa de investigadores e teve como referência modelos de questionários de outras administrações públicas, uma vez que são comuns nos países da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico]".

"Uma vergonha, um aproveitamento inacreditável dos meios do Estado para recolher informação e sobretudo para tentar apelar ao voto dos funcionários públicos no Partido Socialista", acusou o deputado social-democrata Duarte Marques no Facebook, sugerindo a inclusão no inquérito de uma nova questão - "Homenzinhos corajosos era se tivessem perguntado também "gostaram do período em que não havia dinheiro para mais um mês de salários e se chamou a troika?"".

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