Ministro sai e reafirma desconhecer operação de encobrimento
A notícia da demissão surgiu meia hora após o próprio Ministério ter divulgado a visita de Azeredo Lopes ao Regimento de Infantaria de Vila Real e à Escola de Serviços do do Exército, na Póvoa de Varzim.
A cerimónia de posse da nova procuradora-geral da República, em Belém, foi assim a última em que Azeredo Lopes participou enquanto ministro da Defesa.
O gabinete da PGR, questionado sobre se Azeredo Lopes foi chamado a prestar declarações ou constituído arguido, adiantou que "nada mais há a acrescentar à informação prestada" - o que significa que o ex-ministro não foi constituído arguido.
Na carta de demissão, a que a agência Lusa teve acesso, Azeredo Lopes reafirmou não ter conhecimento "direto ou indireto, sobre uma operação em que o encobrimento se terá destinado a proteger o, ou um dos, autores do furto" em Tancos.
Azeredo Lopes invocou a necessidade de proteger as Forças Armadas do desgaste resultante do "ataque político ao ministro que as tutela" - algo que começou poucos meses depois da sua posse, quando o braço de ferro sobre a presença de alunos homossexuais no Colégio Militar levou à demissão do chefe do Exército, general Carlos Jerónimo.
Bruno Vitorino, deputado do PSD na Comissão de Defesa, afirmou ao DN que "continua tudo na mesma" com a demissão de Azeredo Lopes.
"O caso não acaba com a demissão do ministro" e em cima da mesa continua a possibilidade de chamar o primeiro-ministro ao Parlamento para falar sobre Tancos, adiantou Bruno Vitorino.
Dizendo que o PSD nunca pedira a demissão de Azeredo Lopes mas apenas exigira "o esclarecimento cabal de toda a situação", o deputado do PSD insistiu em perguntar: "Se vier a descobrir-se que Azeredo Lopes conhecia" o documento da PJM relativo à operação simulada de recuperação das armas de Tancos, António Costa "não foi envolvido numa situação grave" como essa?