A "sombra" de Costa, o industrialista e os jovens turcos. Novos ministros tomaram posse

Presidente da República deu posse aos novos membros do Executivo
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Foi uma cerimónia curta, não mais que dez minutos. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deu esta tarde posse a três novos ministros - Pedro Nuno santos, que assume a pasta das Infraestruturas e Habitação; Mariana Vieira da Silva, que fica com a Presidência; e o Planeamento, que terá agora como ministro Nelson de Souza.

Tomaram também posse quatro secretários de Estado - entre eles Duarte Cordeiro, que acumula os Assuntos Parlamentares com o lugar de adjunto do primeiro-ministro -, e foram reconduzidos outros quatro. Quem são os principais nomes que hoje tomaram posse?

Mariana Vieira da Silva

Tem sido o "braço direito" de António Costa em São Bento, a "sombra" do líder do Executivo, ao longo dos últimos três anos. Agora, a discreta - mas muito influente - secretária de Estado adjunta do primeiro-ministro dá o salto para a ribalta, assumindo o ministério da Presidência e Modernização Administrativa.

Apontada como discreta, metódica, uma "formiga" no trabalho de coordenação do Executivo, Mariana Vieira da Silva chega ao cargo de ministra aos 40 anos.

Em 2013, com António Costa como recandidato à presidência da Câmara de Lisboa, surgiu no 15º lugar das listas do partido. Em 2015, António Costa chama-a ao governo para ocupar uma função que nunca antes tinha sido ocupada por uma mulher. Antes, já tinha estado envolvida na elaboração do programa eleitoral às legislativas de 2015.

Licenciada em Sociologia pelo ISCTE, Mariana Vieira da Silva concluiu a parte curricular do doutoramento em Políticas Públicas na mesma instituição, estando agora a terminar uma dissertação sobre políticas de saúde e de educação em Portugal. Foi assessora da Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, e adjunta no gabinete do primeiro-ministro José Sócrates, entre 2009 e 2011.

Foi atleta de alta competição no Sporting, e a natação e o clube leonino são duas paixões que mantém.

Com um apelido que está longe de ser desconhecido na política - é filha do ministro do Trabalho, José Vieira da Silva - a agora titular da Presidência já disse em entrevistas que gostaria de ver chegar o dia em que a filiação não é motivo de perguntas.

Pedro Nuno Santos

Ao fim de três anos no Governo, Pedro Nuno Santos assume, a partir de hoje, a pasta das Infraestruturas e da Habitação, deixando a secretaria de Estado dos Assuntos Parlamentares - que não era ministério, mas quase, dada a importância da coordenação entre os partidos da geringonça (era, além de Mariana Vieira da Silva, o único secretário de Estado com assento no Conselho de Ministros).

Com 41 anos, natural de São João da Madeira, nos últimos anos Pedro Nuno Santos passou de "jovem turco" a anunciado futuro candidato a líder do PS. Grande adepto da 'geringonça', defensor de um PS chegado à esquerda - o próprio recusa a denominação de "ala", defendendo que o PS é de esquerda e quanto muito tem uma ala direita - é o nome que congrega uma nova geração de dirigentes, entre os quais se contam nomes como Duarte Cordeiro, Pedro Delgado Alves ou João Galamba.

Licenciado em Economia pelo ISEG, foi líder da JS entre 2004 e 2008 e deputado à Assembleia da República de 2005 a 2009. Nesse ano, ficou fora das listas do PS às legislativas. Voltou em 2011, foi vice-presidente da bancada do PS e um entusiasta apoiante de António Costa na disputa com António José seguro pela liderança do partido.

Foi presidente da distrital de Aveiro - uma das mais poderosas do PS - até ao ano passado.

Nelson de Souza

Licenciado em Finanças pelo Instituto Superior de Economia (atual ISEG, em Lisboa), Ângelo Nelson Rosário de Souza nasceu em Goa, na Índia, em 1954 (tem 64 anos). Veio para Portugal aos sete anos e a família instalou-se na zona da Ajuda, em Lisboa.

Antes de entrar para o Governo de António Costa, em 2015, como secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, foi diretor municipal de Finanças na Câmara Municipal de Lisboa. Agora, assume o ministério do Planeamento e a gestão dos fundos europeus.

Nelson de Souza já tinha estado na vida política: foi secretário de Estado das Pequenas e Médias e Empresas (PME) e do Comércio e Serviços no Governo de António Guterres, entre 2000 e 2001.

Mas o percurso profissional do ministro do Planeamento tem passado, sobretudo, pelas empresas, a partir da administração pública. Esteve na administração do IAPMEI (Agência para a Competitividade e Inovação), entre 1996 e 2000, foi ainda dirigente na então Direção-geral da Indústria, entre 1977 e 1995.

Nelson de Sousa define-se como um "velho industrialista" - foi gestor do Programa Específico de Desenvolvimento da Indústria Portuguesa (Pedip), um programa europeu que foi criado em 1988 para modernizar o tecido industrial do país.

Durante os executivos de José Sócrates, entre 2005 e 2011, geriu os programas de fundos comunitários PRIME e COMPETE.

Foi diretor-geral executivo da AIP (Associação Industrial Portuguesa) entre 2012 e 2013.

Duarte Cordeiro

Duarte Cordeiro chega ao governo a poucos dias de cumprir 40 anos - faz anos no próximo sábado -, mas com um extenso currículo político. Sai da vice-presidência da Câmara de Lisboa, onde detinha os pelouros da Economia e Inovação, Serviços Urbanos e Desporto.

O agora secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro e dos Assuntos Parlamentares começou a carreira política na Juventude Socialista (JS), ao lado de Pedro Nuno Santos - foi vice-presidente da JS quando a estrutura da juventude dos socialistas era liderada pelo agora ministro das Infraestruturas, e sucedeu-lhe no cargo, assumindo a liderança da JS entre 2008 e 2010. O trajeto comum já vinha de trás - ambos são licenciados em Economia pelo ISEG e, embora não frequentassem o mesmo ano, cruzaram-se na associação de estudantes.

Além de amigos, são compagnons de route e ambos defensores de um PS chegado à esquerda.

O currículo de Duarte Cordeiro inclui a direção de duas campanhas eleitorais: a campanha presidencial de Manuel Alegre, em 2011, que congregava então o apoio de comunistas e bloquistas. E a campanha das legislativas de 2015, com António Costa como secretário-geral e candidato a primeiro-ministro.

Duarte Cordeiro é também uma figura proeminente no aparelho do PS. Foi líder da concelhia de Lisboa e é o atual presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS (FAUL) desde 2018.

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