Demitido comandante que levou militares e um canhão para o golfe

Exército exonerou também o major-general Carlos Perestrelo do cargo de comandante da Zona Militar da Madeira, após ser demitido pelo ministro da Defesa do cargo de comandante operacional da Madeira.
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O major-general Carlos Perestrelo foi esta quinta-feira exonerado dos dois cargos militares que ocupava na região autónoma da Madeira, um dependente do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) e o outro do Exército.

Horas depois da sua exoneração como comandante operacional da Madeira pelo ministro da Defesa, por proposta do chefe do EMGFA, almirante Silva Ribeiro, Carlos Perestrelo foi exonerado pelo Exército do cargo de comandante da Zona Militar da Madeira, disse fonte oficial ao DN.

Na base das exonerações está a divulgação de um vídeo em que militares fardados num campo de golfe mostram como funciona um canhão - que fontes militares do Exército garantiram ao DN já não ter valor militar e ser usado apenas em atos cerimoniais para disparo de munições de salva.

O caso ocorreu há meses e em moldes semelhantes aos de anos anteriores, como noticiado quarta-feira pelo Diário de Notícias da Madeira.

Com o processo de averiguações do Exército ainda a decorrer, a cargo de um tenente-general do ramo porque o caso se deu no âmbito das funções de Carlos Perestrelo como comandante da Zona Militar da Madeira, o almirante Silva Ribeiro ouviu o Conselho de Chefes de Estado-Maior e propôs ao ministro João Gomes Cravinho, que aceitou, a exoneração daquele oficial do cargo de comandante operacional.

A posse do contra-almirante Dores Aresta como novo comandante operacional ocorreu esta quinta-feira, situação que poderá ter deixado o Exército sem condições para manter o major-general Carlos Perestrelo como comandante da Zona Militar apesar de o inquérito ainda estar a decorrer, admitiram fontes ouvidas pelo DN.

Dores Aresta desempenhava as funções de subchefe do Estado-Maior do Comando Conjunto para as Operações Militares e tinha a sua chegada ao Funchal prevista ainda para esta quinta-feira - estando por saber de que ramo será o seu sucessor naquela estrutura do EMGFA.

O agora antigo comandante operacional da Madeira e ex-comandante da Zona Militar da Madeiraestá a ser alvo de um inquérito urgente sobre o uso de uma peça de artilharia e de militares fardados num campo de golfe na zona oriental da ilha da Madeira.

O caso ocorreu há meses mas veio a público esta quarta-feira, através da publicação de um vídeo onde se vê o oficial general à civil (equipado para jogar golfe) junto de alguns civis a quem militares fardados explicam o funcionamento do canhão onde foi colocada uma munição de salva - que um desses civis depois dispara.

Em causa estão, entre outras possíveis questões, o eventual uso de material de guerra e de dinheiros públicos para fins particulares, assim como saber-se em que termos decorreu o transporte da peça de artilharia de uma unidade militar para o campo de golfe na zona oriental da ilha da Madeira e como foi decidido deslocar um equipamento de combate sem conhecimento do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA).

"A prática do uso de peças de artilharia e de militares uniformizados em cerimonial para realizar salvas em torneios de golfe, não era do conhecimento do EMGFA", de quem depende o Comando Operacional da Madeira, disse fonte oficial ao DN na manhã desta quinta-feira.

No vídeo é possível ver-se, após o disparo do canhão, civis e carros de golfe a circularem por trás do militar que toca o clarim - estando ele e os restantes militares em sentido.

O processo de averiguações irá determinar o contexto em que o caso aconteceu, nomeadamente se no quadro de algum protocolo entre o Exército e os responsáveis do campo de golfe, assim como (diretiva, ordem de operações) foi determinado movimentar a peça de artilharia para o exterior do quartel e militares fardados do Regimento de Guarnição da Madeira (Infantaria e Artilharia).

(Notícia atualizada às 23.05)

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