No final de uma reunião sobre a situação epidemiológica da covid-19 em Portugal, no Infarmed, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que "é necessário renovar o estado de emergência" no imediato, mas advertiu que este é "um desafio que continua para além dos quinze dias, nas semanas subsequentes, nos meses subsequentes".."O mesmo significa, com a ponderação adequada, na altura devida, uma predisposição para subsequentes renovações também do estado de emergência, aquelas que forem necessárias para, na expressão dos especialistas, se esmagar a curva e se ter uma evolução que todos desejamos", acrescentou o chefe de Estado..Depois de anunciar perante a comunicação social que hoje à tarde vai enviar para a Assembleia da República o diploma de renovação do estado de emergência em Portugal por mais 15 dias, de 24 de novembro até 08 de dezembro, Marcelo Rebelo de Sousa justificou a sua decisão.."Os números apontam para isso, a tendência aponta para isso, a pressão sobre o internamento e os cuidados intensivos aponta para isso, a experiência do passado recente aponta para isso, o que foi dito sobre o tempo cada vez mais longo que as medidas necessitam para serem eficazes aponta para isso. E, portanto, renovação do estado de emergência", declarou aos jornalistas..O atual período de 15 dias de estado de emergência começou às 00:00 no passado dia 09 e termina às 23:59 da próxima segunda-feira, 23 de novembro..Nos termos da Constituição, para renovar por mais 15 dias este quadro legal que permite a suspensão do exercício de alguns direitos, liberdades e garantias, o Presidente da República tem de ter ouvir o Governo e de autorização da Assembleia da República, que deverá votar este diploma na sexta-feira..O estado de emergência vigorou em Portugal entre 19 de março e 02 de maio deste ano, com duas renovações, por um total de 45 dias..Estas declarações foram feitas após uma reunião com o Infarmed, na qual foram debatidos vários assuntos relativos à estratégia de combate ao covid-19 em Portugal..Nesta reunião, o presidente da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) admitiu que as primeiras vacinações contra a covid-19 aconteçam no início do próximo ano, dependendo das autorizações da agência europeia que tutela o setor..Rui Ivo afirmou que as entregas de vacinas acontecerão em tranches ao longo de 2021 e que poderão estar disponíveis mais de cinco milhões de doses no primeiro trimestre, cerca de oito milhões no segundo trimestre e mais dois milhões no último trimestre do ano que vem..Também na mesma reunião, Manuel do Carmo Gomes, da Faculdade de Ciência da Universidade Nova de Lisboa, afirmou que com a tendência atual do Rt [transmissibilidade] o pico de novos contágios por covid-19 ocorrerá de "25 a 30 de novembro" - já na próxima semana..O pico de óbitos é apontado para a segunda semana de dezembro, com uma média de mortes diárias "entre 95 e 100", projetou o especialista na reunião que está a decorrer no Infarmed, em Lisboa, onde vários peritos estão a analisar a situação epidemiológica em Portugal. "Não podemos baixar a guarda", advertiu..Já João Gouveia, presidente da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva (CARNMI), manifestou-se preocupado com a situação da Medicina Intensiva - "Neste momento, temos 84% de taxa de ocupação das camas de unidades de cuidados intensivos dedicados à covid-19. Temos o risco de já não conseguir receber todos os doentes que precisem de Medicina Intensiva com covid-19 e esta situação tem uma variedade regional enorme".