BE: migrantes em cadeias e quartéis é "próprio de regimes totalitários"
O BE entende que há uma "descoincidência entre a narrativa de solidariedade com os países mais expostos à pressão migratória e de requerentes de asilo e a efetivação do acolhimento" e que "o número de refugiados reinstalados é significativamente inferior às necessidades, revelando falhas na implementação de medidas robustas que permitam promover a efetiva concretização dos acordos estabelecidos".
Esta é a conclusão do partido, coordenado por Catarina Martins, que pediu uma audição "com caráter de urgência" ao ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e à ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, para obter esclarecimentos sobre a política de migração do país e as condições de acolhimento.
Esta iniciativa veio na sequência de uma notícia do DN, que dava conta do esgotamento dos Centros de Instalação Temporária (CIT) do SEF e do facto de os migrantes marroquinos que têm chegado, por via marítima, ao Algarve estarem instalados em cadeias e quartéis militares.
Citaçãocitacao"O BE considera que a falta de meios físicos de instalação para se assegurar os direitos básicos dos cidadãos é própria de regimes totalitários ou subdesenvolvidos"
No requerimento relativo à audição de Eduardo Cabrita, a estes requerentes de asilo, que se encontram atualmente presos há 69 dias, "não terá sequer sido dada oportunidade de recorrerem a advogados, de apresentar pedidos de Asilo Internacional nem foram notificados para o abandono voluntário do território nacional".
"O Bloco de Esquerda considera absolutamente inaceitável que Portugal trate de forma tão desumana migrantes e requerentes de asilo e considera que a falta de meios físicos de instalação para se assegurar os direitos básicos dos cidadãos é própria de regimes totalitários ou subdesenvolvidos", sustentou o BE.
Já no requerimento que pede a presença no parlamento da ministra do Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, o BE referiu que Portugal se comprometeu a "reinstalar 1.100 pessoas refugiadas da Turquia e do Egito" mas só chegaram ao país "186 pessoas a partir da Turquia e 220 do Egito", acrescentando que das mil pessoas oriundas da Grécia que o país se disponibilizou a receber, "ainda não chegou ninguém".
O SEF tem apenas quatro espaços, o seu único Centro de Instalação Temporária (CIT), do Porto, e mais três espaços equiparados a CIT, nos aeroportos de Lisboa, Faro e Porto - com um total de cerca de uma centena de lugares.
Com a nova vaga de imigrantes do norte de África que se desloca por via marítima a pressionar a costa portuguesa, o Governo foi obrigado a improvisar alternativas.