António Costa: "A justiça dirá se Rui Pinto é um herói ou um criminoso"

Em entrevista publicada este domingo na Notícias Magazine, António Costa espera que "vicissitudes judiciais" não tenham impacto nas empresas de Isabel dos Santos
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"A justiça dirá se Rui Pinto é um herói ou um criminoso." As palavras são de António Costa na entrevista à revista Notícias Magazine publicada este domingo com o JN. O primeiro-ministro respondia a uma questão, a propósito do Luanda Leaks, sobre a transposição da diretiva sobre a proteção de denunciantes e de uma eventual cedência a pressões para acelerar o processo legislativo.

Sublinhado que o processo legislativo "decorre de uma forma normal" e ao ritmo previsto, Costa diz ainda que "a nossa legislação já tem várias medidas de proteção do denunciante, já valoriza significativamente a colaboração com a justiça, mesmo por parte de quem cometeu algum crime". Mais: "Está constituído um grupo de trabalho, que tem um número de medidas significativa sem estudo, nomeadamente a que foi mal traduzida como delação premiada quando na verdade o que se trata é de valorizar a colaboração com a justiça, resolvendo alguns problemas técnicos e, em março ou abril, serão apresentadas conclusões."

Sobre as consequências que o caso Luanda Leaks poderá ter no plano económico, tendo em conta a elevada participação de Isabel dos Santos em empresas portuguesas, o primeiro-ministro respondeu que o governo tem de intervir em situações de crise. "E no que diz respeito ao universo empresarial da engenheira Isabel dos Santos interveio quando teve que intervir, aliás com bom sucesso. Quanto ao mais, o desejo que temos todos seguramente que as vicissitudes judiciais que atingem a engenheira Isabel dos Santos não tenham impacto na atividade económica das empresas de que é titular."

Presidenciais: "Não creio que suscitem particular emoção"

As eleições presidenciais de 2021 foi outro tema abordado, com o primeiro-ministro a dizer que "a tradição do PS é pronunciar-se sobre as candidaturas que existem". E sobre Ana Gomes, cujo nome foi lançado por Francisco Assis como a candidata "natural" dos socialistas e agregadora da esquerda, António Costa respondeu que a questão "está ultrapassada" porque a própria disse que não era candidata - mas a ex-eurodeputada disse também que o assunto não se colocava porque o primeiro-ministro não ia autorizar o seu nome.

De resto, Costa não se alonga muito mais no apoio que o PS poderá dar a eventuais candidaturas - uma das justificações que avança é o facto de ainda não se saber se Marcelo Rebelo de Sousa é recandidato. Só depois disso, o o PS fará essa avaliação.

"Não creio que haja grande ansiedade no PS em torna dessa eleição. Aliás, acho que não é preciso ter grandes poderes divinatórios para perceber qual é o sentimento geral do país. Esse sentimento é de aprovação clara do mandato do Presidente da República, há um desejo de recandidatura, e diria que há 99% de possibilidades do atual presidente, apresentando-se como candidato, vir a ser reeleito."

E acrescenta: "Não creio que sejam eleições que suscitem particular emoção, salvo se o presidente da República decidir não se recandidatar. Aí, tudo fica em aberto."

Ainda no plano político nacional, o primeiro-ministro critica na entrevista à NM a "excitação mediática" em torno do Chega e do Livre, tendo em conta a dimensão das representações parlamentares - ambos têm apenas um deputado, sendo que na sexta-feira passada o Livre retirou a confiança a política a Joacine Katar Moreira que ficará na Assembleia da República por conta própria.

"Acho por exemplo incompreensível que, no dia em que o PSD disputa a segunda volta da sua liderança, tenha sido dado mais tempo mediático ao Livre do que ao PSD. Eu seguramente estou mais próximo politicamente do Livre do que do PSD, mas admitamos, não faz o menor sentido", afirma António Costa na entrevista à Notícias Magazine publicada este domingo com o JN.

Costa entende que esta subversão "é um erro e involuntariamente só alimentar o populismo porque é um convite à bizarria como forma de ganhar visibilidade política".

Questionado se a nova liderança do CDS mais encostada à direita reforça esse tendência de populismo, Costa lembra que se trata de um partido fundador da democracia e que espera quer não faça esse caminho, de "disputar com o Chega o discurso radical e extremista". E mais: "Se o CDS continuar a desistir do centro, o PS pela sua parte só agradece."

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