O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, classificou esta segunda-feira, durante uma visita ao Bairro do Zambujal, na Amadora, as declarações do presidente da Câmara de Loures - que defendeu despejo de participantes em distúrbios - como um mau momento.."Todos temos bons momentos e maus momentos. Isso não nos define. O que nos define é o noss continuo, é o nosso trabalho. O trabalho dele é muito importante, tem tido uma intrevenção excelente e é isto que o caracteriza e define", começou por dizer. Pressioado pelos jornalistas, Pedro Nuno Santos acabou por dizer que "obviamente que este não foi um bom momento"..O secretário-geral do PS escalreceu que "todos os eleitos pelo PS estão comprometidos com o cumprimento da lei, da Constituição, e princípios de humanismo, respeito pelo outro e empatia"..Pedro Nuno recordou que o próprio autarca esclareceu a sua posição relativamente ao tema.."As declarações tornadas públicas pela minha intervenção na reunião da Câmara Municipal de Loures eram referentes, única e exclusivamente, a casos transitados em julgado. Nunca o município se deve sobrepor ou substituir ao poder judicial. Nem nunca o fará", disse Ricardo Leão (PS), em comunicado divulgado na sexta-feira. .O esclarecimento do autarca socialista surgiu na sequência de declarações que proferiu na quarta-feira, na reunião pública da Câmara de Loures, durante a qual defendeu o despejo "sem dó nem piedade" de inquilinos de habitações municipais que tenham participado nos distúrbios que têm ocorrido na Área Metropolitana de Lisboa.."É óbvio que eu não quero que um criminoso que tenha participado nestes acontecimentos, se for ele o titular do contrato de arrendamento é para acabar e é para despejar, ponto final, parágrafo", afirmou na ocasião Ricardo Leão..Já esta segunda-feira, Pedro Nuno Santos disse que este "não foi um bom momento", depois de na noite de domingo, a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, ter criticado políticos que "incendeiam um discurso securitário" numa sociedade "já muito agressiva" e distanciou-se das declarações do autarca socialista de Loures, que considerou "juridicamente inaceitáveis".."Acho que, francamente, e agora vou falar em abstrato, quem incendeia um discurso securitário - estou a falar em abstrato, sublinho - não presta um bom serviço a uma sociedade que em geral, no mundo inteiro, já está muito extremada, polarizada, agressiva e aos políticos cabe baixar a pressão e não aumentá-la", considerou Alexandra Leitão no programa "Princípio da Incerteza", transmitido na noite de domingo na CNN Portugal e na TSF..No Bairro do Zambujal, Pedro Nuno Santos visitou uma creche da Santa Casa da Misericórdia, a Associação CAZAmbujal e a Associação de Moradores do bairro. .Pedro Nuno Santos vai estar também na Cova da Moura, onde estará na Associação Cultural Moinho da Juventude. .Da parte da tarde, o secretário-geral socialista seguirá depois para Oeiras, onde irá visitar o projeto "Gira no Bairro -- uma esquadra aberta à comunidade", em Caxias. .Na terça e quarta-feira, Pedro Nuno Santos vai receber, no Largo do Rato, sede nacional dos socialistas, o Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia e a ASPP/PSP - Associação Sindical dos Profissionais da Polícia..Estas iniciativas de Pedro Nuno Santos decorrem depois de, na passada sexta-feira, também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter estado no Bairro do Zambujal, na Amadora, onde visitou, sem avisar a comunicação social, a esquadra da PSP e conversou com familiares de Odair Moniz, baleado mortalmente por um polícia na madrugada de 21 de outubro, no Bairro da Cova da Moura. .Críticas a Montenegro.O líder do PS criticou o primeiro-ministro por ainda não ter ido aos bairros na periferia de Lisboa onde nas últimas semanas houve desacatos, considerando já ser "um padrão" a ausência de Luís Montenegro no terreno com as pessoas.."Em relação ao senhor primeiro-ministro já é um padrão porque também fui eu o primeiro a ir ao terreno a seguir aos incêndios. Quem governa o país não se pode furtar a estar presente no terreno com as pessoas", respondeu Pedro Nuno Santos aos jornalistas no final de uma manhã de visitas ao Bairro do Zambujal, em Lisboa..O secretário-geral do PS referiu que Luís Montenegro, quando foram os incêndios de setembro, só ter ido visitar as zonas afetadas depois da visita da comitiva socialista que liderou.."Eu espero que o senhor primeiro-ministro visite vários dos bairros que nós temos no país", defendeu..Segundo Pedro Nuno Santos, quando os políticos ouvem e estão próximos das pessoas fazem melhor o seu trabalho.."Quando nós a única coisa que fazemos é chamar as associações para se reunirem connosco num gabinete, nós não estamos a cuidar de ouvir as pessoas", criticou.