Paulo Portas não tem dúvidas: no mundo atual "há motivação de criar o caos", com propósitos específicos, por parte de alguns Estado, com ciberataques e ameaças no ecossistema digital..Falando à distância na Grande Conferência sobre o Novo Regime Jurídico da Cibersegurança em Portugal (que o DN organiza em parceria com a Ordem dos Economistas e a SEDES), o ex-ministro referiu que, atualmente, há, ainda, "um gap entre os inovadores e o conhecimento técnico e tecnológico apreensível por muitos dos legisladores" e que isso representa uma ameaça..A nova diretiva europeia de cibersegurança, a NIS2, "alarga o núcleo de responsabilidades e deveres" nesta área. Apelando ao "bom senso", Paulo Portas realçou que "inovação não é burocracia", muito menos quando se fala sobre cibersegurança. Este tema "é determinante, é o futuro e o presente". As ameaças, destacou, "vão chegar do lado habitual" e, por isso, a União Europeia e Portugal têm de estar preparados para as enfrentar de diferentes maneiras..No mesmo painel (focado na geopolítica da cibersegurança), António Vitorino, ex-comissário Europeu para a Justiça e Assuntos Internos, considerou que, atualmente, se vive "uma guerra híbrida", e que a União Europeia está "entalada" entre os Estados Unidos e a China. Mas há mais potências mundiais que podem causar "o caos": "Vi como a campanha de desinformação russa provocou a alteração política da região africana do Sael. O Grupo Wagner é só um problema, não é o maior. Houve, no terreno, uma campanha muito eficaz junto da opinião publica contra França e Ocidente, e foram levados a cabo vários ataques de ódio contra os interesses ocidentais.".Outro exemplo, referiu, foram as eleições presendicias na Roménia, cujo resultado foi anulado pelo Tribunal Constitucional, após suspeitas de intervenção externa..Já Luís Neves, diretor nacional da Polícia Judiciária, destacou que há mais ameaças além das russas. "Há grupos organizados do Brasil que operam no território português", exemplificou..Por sua vez, Luís Barreira de Sousa, embaixador para a ciberdiplomacia, destacou que "o processo é lento, de pequenos passos" até à compreensão total das ciberameaças. E pode a conjuntura ter um efeito negativo na cibersegurança? "Na sala onde nos discutimos estes temas, na ONU, não senti nunca que, até, a conjuntura mais difícil possa ter tido influência", acrescentou o diplomata.