Ex-presidente da NAV: "Este relatório é prematuro", "estão a arranjar um bode expiatório"

O ex-presidente da NAV, Luís Coimbra, rejeitou responsabilidades no atraso das buscas de salvamento ao helicóptero do INEM. E considerou "o relatório prematuro".
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Luís Coimbra foi esta terça-feira à noite entrevistado pela RTP 3 na sequência do relatório preliminar divulgado neste dia relativamente ao acidente com o helicóptero do INEM, no qual morreram quatro pessoas. O engenheiro começou por referir a sua experiência nesta matéria e garantiu que a Navegação Aérea de Portugal (NAV), responsável pela gestão do tráfego aéreo, agiu como devia. Foi aliás muito crítico relativamente à Autoridade Nacional da Proteção Civil, por esta apresentar um relatório "48 horas depois" do acidente e quando faltam elementos que considera essenciais, como as autópsias.

"Na navegação abaixo dos cinco mil pés (1700 m) [o caso do helicóptero do INEM que caiu este sábado], a NAV não tem qualquer responsabilidade. Não tem nada a ver com assunto, nem pela lei nacional nem pela lei internacional", disse, sublinhando que quando o fazem é por uma questão profissional.

Considerou que o relatório preliminar da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC), divulgado esta terça-feira, "é prematuro" e que não deveria ter sido feito antes de se conhecer o resultado das autópsias, Justificou que "ninguém sabe se os quatro ocupantes estariam vivos" se o socorro fosse prestado mais cedo.

"Estão a arranjar bodes expiatórios, a NAV não tem nada que saber quantos comandos distritais existem, se um comando ultrapassa o outro. Só nos preocupamos com as condições meteorológicas a que as aeronaves estão a voar". Concluiu: "É um não caso, estão a atirar para o ar".

Coimbra referiu ainda se não se estariam a atribuir culpas ao "rapaz ou rapariga que está no 112", que tem um trabalho precário" e "vai ali ganhar 300 euros". E questionou: "Pessoas que ganham 300 euros é que vão definir o que o fazer? Têm formação para isso?"

Luís Coimbra reagiu, assim, às conclusões do relatório sobre as buscas de salvamento quando foi dado o alerta. Aponta quatro falhas, criticando a atuação da NAV. "O contacto com o Rescue Cordination Center (RCC), da Força Aérea Portuguesa, para a identificação de um possível acidente com uma aeronave, tanto por parte da NAV Portugal como do CONOR (112), não foi efetuado com a necessária tempestividade, podendo ter comprometido o tempo de resposta dos meios de busca e salvamento", lê-se.

No documento lê-se que a NAV desenvolveu, durante 20 minutos (entre as 19:20 e 19:40) "as suas próprias diligências, em detrimento do cumprimento do estipulado na Diretiva Operacional Nacional n.º 4 -- Dispositivo Integrado de Resposta a Acidentes com Aeronaves". Determina que, em caso de acidente com uma aeronave, deve o mais rápido possível, informar-se o Centro de Busca e Salvamento da Força Aérea.

O ex-presidente da NAV entende que não têm essa responsabilidade, além de que "tem de haver um tempo de espera, 20 minutos", antes de acionar os meios. Explicou que é "frequente" os helicópteros saírem do radar por momentos, como os pilotos atrasarem-se a informar da sua chegada e que fizeram o que devia ser feito".

"É fácil de ver todas as tentativas de contacto, está tudo registado. A que horas foram e se essas pessoas estavam", garantiu.

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