Máscaras esgotam nas farmácias, das mais simples às mais elaboradas

As farmácias não conseguem dar resposta aos pedidos de máscaras dos clientes, muitos da comunidade chinesa. E que não pedem apenas as descartáveis, também as que têm filtros. Esgotaram, mas vale a pena? Os especialistas dizem que não.
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O número de doentes com coronavírus fora da China, nomeadamente na Europa, levou ao aumento da procura de máscaras em Portugal e há quem revele alguma pesquisa sobre a matéria. "Inicialmente, compravam as máscaras simples, agora já nos pediram bicos de pato e uma senhora perguntou se tínhamos FFP2 [com filtros]. Todos os clientes nos pedem máscaras, mas é sobretudo a comunidade chinesa. Só vendemos as máscaras cirúrgicas e temos o stock esgotado, vamos ver se as conseguimos ter segunda ou terça-feira", explica Maria Dulce Várzea, farmacêutica e dona da farmácia Várzea, em Lisboa.

O mesmo se passa com outras farmácias, que não têm mãos a medir. Ana Várzea diz que este é um produto que se vende pontualmente e a procura cresceu exponencialmente com o novo surto de pneumonia.

Manuel Correia, supervisor da Farmácia Uruguai, estabelecimento em Benfica aberto 24 horas, diz que 90 % das pessoas que ali entram é para comprar máscaras. "Há um alarmismo na população, acham que vão ficar todos infetados e, depois, não compram poucas unidades, compram várias e, se alguém precisar realmente, não tem". Não vendem FFP2 e ainda têm alguns bicos de pato e cirúrgicas.

Tanta correria faz pensar se vale a pena. A informação da Direção-Geral de Saúde à população em geral vai no sentido de se identificarem os sintomas. Se tem tosse, febre, dificuldade em respirar, regressou da China ou contactou com um doente infetado, deve telefonar para o 808 24 24 24. O uso da máscara, a FFP2, apenas é recomendado para os técnicos de saúde que estejam com doentes suspeitos de contrair o vírus.

A pneumologista Laura Mota, do Hospital Pulido Valente, não se lembra de uma epidemia em Portugal em que tivesse sido aconselhado o uso generalizado da máscara. À pergunta "o que é devemos fazer perante este novo vírus?", responde: "Se não viajou de zonas de risco, se não esteve em contacto com pessoas que viajaram dessas zonas, se não tem sintomas, não deve fazer nada".

O mesmo defende o colega Filipe Froes, membro da Ordem dos Médicos. "Neste momento e a manter-se o atual nível de atividade em Portugal, não há qualquer indicação para uso de máscara pela população", sublinha.

São as considerações gerais para a população e que, depois, devem ser avaliadas caso a caso. Se uma pessoa tem uma saúde mais fragilizada e for ao hospital, isso pode implicar o uso de uma máscara, por exemplo. "Todos sabemos que nos hospitais há uma maior probabilidade de infeção, mas isso não tem a ver com o coronavírus, é uma situação em que deve haver sempre precaução", argumenta Laura Mota. Lembra que uma máscara serve, em primeiro lugar, para impedir que um doente possa contaminar outras pessoas.

"A utilização de máscaras do tipo cirúrgico na população deverá ser equacionada de acordo com o nível de atividade e gravidade da doença e em consonância com as recomendações oficiais. A utilização de equipamentos de proteção individual pelos profissionais de saúde obedece a uma norma específica", acrescenta Filipe Froes.

Os tipos de máscaras

As máscaras cirúrgicas são as mais simples, também mais fáceis de usar. Como o nome indica, são usados normalmente em ambiente de cirurgia para impedir a passagem de bactérias e são feitas num material leve, com elásticos adaptando-se ao rosto. Podem ser vendidas em caixas de 50 unidades por 6,50 euros, uma unidade custa cerca de 40 cêntimos.

O bico de pato é uma máscara composta por diferentes filtros, em camadas, e são mais indicadas para os profissionais e pessoas que estão doentes. Custam cerca de 90 cêntimos a unidade.

As máscaras FFP2 são as recomendadas pela DGS aos profissionais e protegem contra pequenas partículas como as do coronavírus. Tem uma proteção contra aerossóis sólidos e/ou líquidos identificados como perigosos ou irritantes. Dependendo da complexidade, podem custar dois ou mais euros.

Segundo a DGS e, "da literatura disponível até ao momento, os coronavírus (nCoV - 2019), são transmitidos por gotículas respiratórias (partículas superiores a 5 mícrons); contacto direto com secreções infetadas e aerossóis em procedimentos terapêuticos que os produzem".

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