Rui Pinto, o hacker português que colaborou com o Football Leaks e que foi extraditado para Portugal, chegou esta tarde num voo da TAP com partida de Budapeste. O avião aterrou à hora prevista às 19:10. O denunciante - Rui Pinto nega que seja um pirata informático - viajou em 1ª classe, por questões de segurança, acompanhado por uma brigada da Polícia Judiciária. O material informático que importa à investigação já está em Portugal, guardado em cofre seguro, soube o DN..A questão da segurança é um dos pontos centrais na extradição de Rui Pinto. O português de 30 anos que denunciou casos de corrupção ligados ao futebol português irá dormir esta noite na prisão anexa à PJ, em Lisboa, e amanhã de manhã será ouvido no Tribunal de Instrução Criminal (TIC), no Campus de Justiça..As autoridades estão empenhadas ao máximo na segurança de Rui Pinto. A Polícia Judiciária envolveu a Direção dos Serviços Prisionais e a PSP na proteção do hacker português. Caso fique detido preventivamente - como o Ministério Público pede - ficará numa numa cela isolada, para sua proteção. Rui Pinto será levado para um estabelecimento prisional que será também desconhecido do público, pelo menos é esta a pretensão da PJ.."Depois de tudo o que tem sido dito e escrito, nada lhe pode acontecer", disse ao DN fonte próxima do processo..Rui Pinto é acusado de seis crimes - dois de acesso ilegítimo, dois de violação de segredo, um de ofensa a pessoa coletiva e um de tentativa de extorsão -, mas durante a inquirição poderá ser questionado sobre as informações que recolheu e que foi divulgado no site Football Leaks. E é neste caso que poderão ser extraídas certidões para outras investigações e aí Rui Pinto poderá ser constituido testemunha pelo MP..A 14 de março, um tribunal de segunda instância da Hungria indeferiu o recurso de Rui Pinto para tentar evitar a sua extradição para Portugal, ficando então decidido que o português iria ser extraditado no prazo de oito a 10 dias e o material informático que lhe foi apreendido também seguiria para o nosso país para ser analisado pelas autoridades..Na audiência pública, Rui Pinto pediu ao Tribunal Metropolitano de Budapeste para não ser extraditado, alegando tratar-se de "uma questão de vida ou morte", que colocava em causa a sua segurança pessoal..Rui Pinto chega como arguido, mas pode passar a testemunha noutros processos.O português esteve em prisão domiciliária em Budapeste desde 18 de janeiro e até 5 de março, data em que ficou preso de forma efetiva, na sequência de um mandado de detenção europeu emitido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP)..Na base do mandado estão o acesso aos sistemas informáticos do Sporting e do fundo de investimento 'Doyen Sports' e posterior divulgação de documentos confidenciais, como contratos de jogadores do Sporting e do então treinador Jorge Jesus, assim como de contratos celebrados entre a Doyen e vários clubes de futebol..Rui Pinto terá acedido, em setembro de 2015, ao sistema informático da Doyen Sports Investements Limited, com sede em Malta, que celebra contratos com clubes de futebol e Sociedades Anónimas Desportivas (SAD)..O hacker é também suspeito de aceder ao email de elementos do conselho de administração e do departamento jurídico do Sporting e, consequentemente, ao sistema informático da SAD leonina..Apesar de estar detido devido ao processo que envolve o acesso ilegal aos servidores da Doyen e do Sporting, Rui Pinto poderá acabar como testemunha em eventuais processos que o Ministério Público possa vir a abrir depois das declarações do hacker ao juiz de instrução criminal durante o interrogatório desta sexta-feira..Notícia atualizada após a chegada do suspeito a Lisboa