A contestação que deve marcar o final deste ano letivo ameaça arrastar-se até ao início do próximo. Numa altura em que o cenário de as escolas viverem um terceiro período "conturbado" parece cada vez mais real, circula já na internet o questionário a que os professores vão responder neste mês sobre as ações de luta que querem realizar para exigir a devolução do tempo de serviço congelado. E além das já anunciadas greves às aulas dos anos finais de ciclo, a plataforma sindical vai colocar a votação paralisações em dias de exames nacionais, mas também o bloqueio das reuniões de preparação do próximo ano letivo, em vésperas de eleições..Entre as hipóteses a discussão estará uma greve "coincidente com dias de exame do ensino secundário e provas finais de 9.º ano". Um protesto sempre com grande impacto na opinião pública, que uma alteração à Lei Geral do Trabalho em 2014 - durante o governo de Passos Coelho - tentou precaver, passando a prever a fixação de serviços mínimos na educação "no que concerne à realização de avaliações finais, de exames ou provas de carácter nacional que tenham de se realizar na mesma data em todo o território nacional"..Além das já faladas greves às aulas dos anos finais de ciclo e às avaliações, em cima da mesa vai estar também a paralisação no período de reuniões de preparação do ano letivo e protestos regionais no arranque das aulas e até 5 outubro, literalmente em cima da data das legislativas. Cenário que só um entendimento com o governo ou uma coligação negativa no Parlamento, indo ao encontro dos pedidos dos professores, pode mudar..Manter a mesma posição?.Depois de uma reunião nesta semana que acabou como tinham terminado as últimas, sem acordo sobre a devolução do tempo de serviço congelado e com acusações mútuas de intransigência, Ministério da Educação e sindicatos devem voltar a reunir-se na segunda-feira. E usamos o condicional porque enquanto o governo dá por adquirida a existência de nova - e provavelmente decisiva - ronda negocial, os sindicatos dizem ao DN que ainda estão à espera de resposta a um pedido de informação sobre o conteúdo da reunião..Sinais de que o entendimento entre as partes é cada vez mais improvável: o governo não tenciona devolver mais do que os dois anos, nove meses e 18 dias de tempo de serviço congelado que já aprovou no final do ano passado, enquanto os sindicatos exigem a totalidade dos nove anos, quatro meses e dois dias. Ainda assim, é de sublinhar que a plataforma sindical vai perguntar aos professores se deve mudar a sua posição e até aceitar um faseamento da devolução do tempo de serviço para lá de 2025.."As organizações sindicais não admitem abrir mão de qualquer período de tempo de serviço prestado pelos docentes. É esta a posição que pretendem manter. Entendem os professores que os sindicatos deverão: manter essa posição; Alterar essa posição [e, neste caso, qual a proposta]; Aceitar o tempo de serviço que o governo estiver disposto a contabilizar." Esta é a primeira pergunta do questionário a que os professores começarão a responder a partir de 11 de março..Apesar de as primeiras versões do inquérito já terem começado a circular em blogues de educação, o presidente da Federação Nacional da Educação explica que os sindicatos ainda estão a afinar posições para chegar a um documento final, que começará a ser distribuído a partir de 11 de março. "Até porque antes disso, no dia 6, ainda vamos à Assembleia da República expor a nossa posição e entregar a petição com mais de 60 mil assinaturas a pedir a devolução do tempo de serviço." No entanto, João Dias da Silva confirma que as propostas que já foram publicadas na net vão ser de facto apresentadas aos professores..A proposta que o governo aprovou em Conselho de Ministros em outubro de 2018 foi vetada pelo Presidente da República, que obrigou o governo a cumprir o Orçamento do Estado e voltar a negociar. Agora, Marcelo Rebelo de Sousa admite promulgar o diploma que devolve aos professores dois anos, nove meses e 18 dias de tempo de serviço congelado..Propostas para uma luta inevitável.Os sindicatos acusam o governo de "intransigência" e de querer eliminar "mais de 6,5 anos de tempo de serviço cumprido pelos docentes". Razões que os levam a considerar "inevitável" a luta e a colocar a votação várias ações: manifestação nacional de professores; Greves nacionais de 1 dia, durante diversas semanas; Greves por regiões, em todas as semanas de maio; Greves por setores de ensino (pré-escolar; 1.º ciclo; 2.º ciclo, 3.º ciclo; secundário); Greves diárias nos dois primeiros tempos ou duas primeiras horas do horário do professor; Greve por período prolongado nos anos de final de ciclo (4.º, 6.º, 9.º e 12.º anos); Greve por período prolongado no 12.º ano; Greve coincidente com o período de avaliações, com início a 6 de junho (9.º, 11.º e 12.º anos); Greve coincidente com o período de avaliações, mas iniciando-se, apenas, em 17 de junho (todos os anos de escolaridade exceto, 9.º, 11.º e 12.º anos, juntando-se o 1.º ciclo e o pré-escolar em 24 de junho); Greve coincidente com dias de exame do ensino secundário e provas finais de 9.º ano.