Governo garante 139 mil pessoas vacinadas até ao fim de janeiro

As primeiras vacinas vão chegar a Portugal entre os dias 24 e 26 de dezembro. A garantia foi dada esta tarde pelo coordenador da Task Force para o Plano de Vacinação Contra a Covid-19. Serão apenas 9750 doses, que darão para vacinar só cerca de quatro mil profissionais de saúde.
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Em duas semanas, as incertezas quanto ao cumprimento do calendário do Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19 aumentaram. Porquê? Porque está tudo dependente da entrega das vacinas. O facto de a Pfizer ter anunciado que irá entregar menos 246 milhões de doses à União Europeia no primeiro trimestre em relação ao que estava previsto já fez com que Portugal receba agora em dezembro uma tranche simbólica e que o fim da Primeira Fase, previsto para o final de março, se tenha estendido já até ao final de abril.

De acordo com a task force para o Plano de Vacinação a produção e distribuição das vacinas pelas empresas aos países da UE, é mesmo o único aspeto que está fora do controlo das autoridades nacionais, pois depende das empresas, mas tal terá implicações nos calendários de vacinação, fazendo com que este tenha de ser adaptado à medida que as doses vão sendo entregues.

No caso da Pfizer, a quem a UE adquiriu 100 milhões de doses, já assumiu que entregará menos 246 milhões de doses no primeiro trimestre, prometendo compensar no segundo trimestre. E quanto às 227 mil da vacina da Moderna que estão previstas serem entregues também no primeiro trimestre, também ainda não há garantia de quando vão ser entregues, o calendário ainda não foi confirmado pela empresa.

Neste momento, o que está mesmo garantido é que as primeiras doses da vacina da Pfizer chegarão entre os dias 24 e 26 deste mês, 9750 doses, que serão distribuídas proporcionalmente no continente e ilhas e que o país está preparado para começar a vacinar logo entre os dias 27 e 29, garantiu esta tarde Francisco Ramos, numa reunião informal com os jornalistas no Infarmed. E como ele próprio classificou trata-se de uma primeira tranche simbólica, que dará apenas para vacinar pouco mais de quatro mil profissionais de saúde.

Depois, entre 4 e 5 de janeiro deverão chegar 312 975 que permitirão vacinar até ao final de janeiro 139 mil pessoas - 21 mil profissionais de saúde e 118 mil residentes em lares e profissionais destas instituições. A diferença entre o número de doses e as pessoas vacinadas tem a ver com o facto de a vacina da Pfizer ser de duas doses, o que levou a task force a decidir reservar logo as duas doses para que "não se corresse o risco de chegar à data de a pessoa fazer a segunda toma e não haver vacinas suficientes", explicou.

Francisco Ramos espera que em fevereiro comecem a chegar as doses de vacinas encomendadas à Moderna, cuja reunião para análise do processo está marcada para o dia 12 de janeiro na Agência Europeia do Medicamento (EMA). O calendário de vacinação prevê que em fevereiro cheguem ao país 429 mil doses de vacina, juntando as da Pfizer e da Moderna, e que em março cheguem mais 487 500. Mas tudo está dependente se as empresas conseguem assegurar a sua entrega ou não.

Mas não é só no calendário de vacinação que se sentirá as implicações da produção e distribuição das vacinas. A maior implicação poderá ser sentida no número de pessoas que estavam previstas ser vacinadas.

A primeira projeção era de que até final de março seriam vacinadas cerca de 950 mil pessoas, as que integravam os grupos prioritários da primeira fase, profissionais de saúde, residentes em lares e os seus profissionais, profissionais das Forças Armadas, forças de segurança e serviços críticos e pessoas com mais de 50 anos com insuficiência cardíaca, doença coronária e doença respiratória, mas com o atraso da Pfizer este grupo só deverá terminar a vacinação no fim de abril.

A partir do final de abril, o coordenador da task force espera começar a vacinação da segunda fase. Dentro dos grupos de risco, e no caso dos profissionais de saúde, a seleção de quem é vacinado em primeiro lugar em cada uma das fases da vacinação caberá aos serviços de saúde ocupacional dos hospitais e aos próprios centros de saúde. Aliás, e conforme foi referido esta tarde na reunião com os jornalistas, a task force já solicitou a estes serviços que indicassem o número de pessoas já a vacinar em dezembro, mas ainda não obteve resposta.

Mas sabe-se que no grupo dos primeiros profissionais a vacinar estão os do Hospital São João no Porto e do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central. Em cada uma das fases, os critérios de vacinação dos profissionais terá a ver com o facto de estarem diretamente envolvidos na prestação de cuidados aos doentes.

De resto e no que toca aos locais de vacinação tudo se mantém como estava previsto, os profissionais de saúde serão vacinados nos seus locais de trabalho e haverá equipas de enfermagem dos centros de saúde que irão aos lares e às unidades de cuidados continuados para vacinar utentes e profissionais. Para a segunda e terceira fase está prevista a expansão da rede de vacinação, podendo os locais de vacinação estenderem-se às farmácias e outros indicados pelas autarquias.

Em relação à população, as que estão incluídas nos grupos prioritários de vacinação, deverá começar a receber SMS do seu centro de saúde já no início do ano para se saber se quer ser vacinada ou não, já que a vacina é voluntária.

No final da reunião, um dos alertas deixados por Francisco Ramos foi para o facto de que o início do processo da vacinação é um sinal muito positivo, mas que não significa o fim da pandemia ou o fim da transmissão da doença. Por isso, reforçou, embora não consiga precisar até quando, todas as medidas de proteção devem ser mantidas. Ou melhor, nem tão depressa será possível aligeirar as regras de proteção, já que a única certeza que se parece ter até agora para atenuar o impacto na contenção da doença e do contágio é mesmo o isolamento e o distanciamento físico.

Com RSF

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