IPO. Doentes que foram às consultas dos médicos infetados vão ser testados
Um surto de Covid-19 foi identificado na enfermaria do Serviço de Hematologia do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa - um serviço que recebe anualmente mais de 1200 doentes.
Segundo anunciou a diretora-geral Graça Freitas, durante a conferência de Imprensa diária sobre o balanço da doença em Portugal, foram detetados dois casos positivos em profissionais que estavam assintomáticos no decorrer das ações de rastreio que o instituto tem vindo a fazer desde o início da pandemia.
Logo de seguida foram feitos mais testes e diagnosticados outros seis profissionais. Ao todo, neste momento há oito profissionais infetados, três médicos, três enfermeiros e dois assistentes operacionais, e 12 doentes, como confirmou o IPO em comunicado enviado ao final da manhã às redações dos jornais, e onde sublinha que o hospital é seguro e que nenhum doente deve deixar de ir às consultas e tratamentos marcados.
De acordo com fonte da unidade, todos os doentes que estiveram em consultas presenciais com os médicos agora infetados serão também testados nos próximos dias para se despistar o máximo de pessoas que possam ter estado em contacto com os profissionais mesmo em ambulatório.
Aliás, segundo explicaram ao DN, todos os doentes que fazem tratamentos de radio e de quimioterapia são testados no início do tratamento e depois a cada 15 dias, "porque se podem infetar na sua vida social", referiram.
Os 12 doentes infetados estão estáveis e foram de imediato transferidos para outras unidades do SNS, nomeadamente para os hospitais Curry Cabral, Amadora-Sintra, São Francisco Xavier, Santa Maria e Faro, para este último um único doente, já que se encontrava no Algarve. Há dois que permanecem no seu domicílio por se encontrarem estáveis e sem critérios para serem internados. Os doentes do Serviço de Hematologia com resultados negativos permanecem internados no IPO Lisboa.
"Não é completamente claro qual a origem do foco de infeção, mas não existe risco para os nossos doentes que estão a ser tratados como habitualmente. E o habitual é fazer testes aos utentes", referiu esta tarde Maria Gomes da Silva, diretora do serviço do IPO de Lisboa, em conferência de imprensa.
"Não há nenhuma situação preocupante ou fora de controlo que deva causar uma preocupação acrescida aos nossos utentes", frisou.
"Foram identificados dois profissionais no início da semana e foram tomadas todas as medidas de controlo da epidemia. Foram identificados 12 doentes e oito profissionais infetados. Os doentes foram transferidos e estão numa situação clinicamente estável. Os profissionais foram isolados e foi feito o rastreio epidemiológico. O que se passou foi uma situação pontual e que foi controlada. Podem continuar a vir com toda a segurança ao IPO", afirmou, por sua vez, Sandra Gaspar, do conselho de administração do IPO.
Em comunicado a unidade adianta ainda que de acordo com o protocolo instituído no IPO Lisboa, foram rastreados todos os profissionais do Serviço de Hematologia e todos os doentes internados.
O IPO Lisboa afirma que "acionou imediatamente as medidas de contenção previstas no seu plano de contingência, tendo os doentes com infeção já tido sido transferidos para outras unidades do Serviço Nacional de Saúde, encontrando-se em situação clínica estável".
O IPO informa ainda que, até ao dia de hoje, realizou cerca de seis mil testes, tendo sido testados 2700 doentes e mais de 1500 prestadores de serviços, incluindo prestadores externos.
"O Hospital mantém o normal funcionamento, devendo os doentes manter as consultas e os tratamentos agendados que estão a ser prestados em condições de segurança", assegura o IPO.
O IPO de Lisboa refere ainda que tem instituído desde o início da pandemia por covid-19 um conjunto de medidas preventivas que permitem assegurar e garantir a prestação dos cuidados assistenciais aos doentes oncológicos em condições de segurança e com reduzido impacto no normal funcionamento do instituto.
De entre os procedimentos aplicados, destaca-se a realização de testes de diagnóstico de covid-19 aos doentes que fazem tratamentos de quimioterapia e radioterapia, que vão realizar cirurgia ou exame médico invasivos e a todos os que necessitam de internamento ou apresentam sintomas suspeitos.
Simultaneamente, o instituto implementou um programa de rastreio a todos os profissionais, refere o instituto.
Portugal contabiliza pelo menos 1.523 mortos associados à covid-19 em 37.672 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Na conferência de imprensa diária sobre a pandemia, Graça Freitas explicou que tinham sido "identificados casos em dois profissionais de saúde, assintomáticos" e "na sequência desta testagem, procuraram-se outros, houve mais doentes e mais profissionais identificados", tendo os doentes identificados com infeção sido transferidos para outras unidades.
"Quero deixar aqui uma palavra de grande tranquilidade. O IPO já fez mais de seis mil testes a profissionais de saúde, doentes e prestadores de serviços externos", precisou, sem especificar na altura quantas pessoas estão infetadas com o novo coronavírus.
* notícia atualizada às 17.28