Covid-19. Itália teve mais mortos que a China nas últimas 24 horas

Situação em Itália continua a escalar. Especialistas dizem que apanhou a ponta do iceberg, os casos mais graves e letais. Quando começarem a registar casos leves a taxa de letalidade começará a reduzir.
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Duas semanas depois de ter notificado o primeiro caso, Itália tem 3858 notificações de Covid-19 e 148 mortes. A situação explodiu nos últimos dias e nas últimas 24 horas, segundo as autoridades italianas, foram notificados mais 769 casos de Covid-19 e ocorreram mais 41 mortes por este tipo de pneumonia.

Neste dia 5 de março, este país da velha Europa contabilizou mais mortos do que a própria China, que teve apenas 160 novos casos e 32 mortes. Números muito diferentes da "ponta de iceberg da epidemia", cujo foco começou na cidade de Whuan, na província de Hubei.

Mas não só. Neste dia, Itália já regista mais do dobro de casos do que todos os outros países europeus atingidos pela epidemia do Covid-19. Se olharmos para os dados divulgados por um dos sites mais fidedignos - worldometers.info - que atualiza diariamente a situação do coronavírus no mundo com base nos dados oficiais de cada país, Itália tem 3858 casos notificados, enquanto os outros 37 países têm 1866 notificações e só 11 mortes.

Ao DN, o virulogista Jaime Nina explicou que, segundo estes dados, a taxa de letalidade de Itália - que traduz o número de mortos por infetados - está elevada, mas vai começar a descer. "É da ordem dos 3,8%, quando, por exemplo, nos restantes países desenvolvidos é da ordem dos 1%", sublinha. Por exemplo, "a Coreia do Sul, de quem se diz que foi o país que mais testes de PCR comprou e que fez para despistar todos os casos graves, tem uma taxa de letalidade de 0,8%".

Nesta quinta-feira, a Coreia do Sul tem notificados 6 088 casos, mais 467 do que no dia anterior, e um total de 40 mortes, mais cinco do que nas últimas 24 horas. Na China, fora da província de Hubei, a taxa de letalidade é muito baixa, da ordem dos 0,1%. Na província do Hubei, tem sido de 4%.

Ponta do iceberg

Sobre estes dados relativos a Itália, o médico explica que "apanharam a ponta do iceberg, uma expressão usada para dizer que estão a apanhar, se não todos, mais de 90% dos casos muitos graves e graves, que levam à morte".

Neste momento, o médico acredita que os italianos ainda não estão sequer a diagnosticar os casos mais leves da doença, quando o começarem a fazer, "aumenta o número de infetados, mas diminuem as mortes e, nessa altura, a taxa de letalidade também diminui".

No que diz respeito à taxa de letalidade, o que está a acontecer em Itália aconteceu também com todos os outros países em que houve um boom de infetados e de mortes, nomeadamente a China, Coreia do Sul e Irão, que agora parecem estar a conseguir a atenuar a situação.

Para o médico, um dos problemas que levou a esta situação em Itália foi o de não terem conseguido fazer o rasto aos doentes. Ou seja, fazer "o rastreio do risco de contágio, ir atrás dos doentes que pudessem vir a ficar infetados, quando se aperceberam já tinham muitos infetados". Em Portugal, os casos notificados estão estáveis e respeitam a situações de doença ligeira.

No mundo há 97 811 casos de Covid-19. Destes, 54 121 já recuperaram e 3352 morreram.

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