Cascais pede aos cidadãos para não irem a banhos e admite interditar praias
"A contenção do novo coronavírus é feita em casa, não é feita nas ruas ou nas praias", sublinha a Câmara Municipal de Cascais, presidida por Carlos Carreiras.
A Câmara de Cascais acionou nadadores-salvadores nas suas praias, mas sublinhou que estes locais "não são um lugar seguro neste tempo e neste contexto" e apelou ao "espírito de cidadania responsável", admitindo mesmo a possibilidade de interdição dos areais.
Relacionados
Na quarta-feira, dia de temperaturas elevadas e pouco frequentes para esta altura do ano, e em que a Organização Mundial de Saúde declarou a pandemia relativa ao surto de Covid-19, as praias do concelho, no distrito de Lisboa, tiveram uma afluência significativa, pelo que a autarquia decidiu tomar "medidas extraordinárias e em tempo recorde para alargar o controlo das praias fora da época balnear".
"Mesmo sendo desaconselhada e civicamente censurável a deslocação às praias, a autarquia, dentro das suas competências, quer minimizar os impactos em matéria de segurança pública", refere a nota, acrescentando que estão em causa questões de saúde pública -- devido ao surto de Covid-19 -- e de segurança pública.
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
Foram, assim, ativados seis nadadores-salvadores para a praia de Carcavelos, quatro para a do Guincho, quatro para os areais de Cascais (Conceição, Duquesa, Rainha e Moitas), três para o Tamariz, dois para São Pedro e outros dois para a Parede.
"É altamente desaconselhada a deslocação até às zonas balneares ou de grande concentração de pessoas"
Na quarta-feira foram registadas nos areais do concelho 20 ocorrências -- 10 relativas a primeiros socorros e outras 10 de salvamento, numa altura em que "o mar de inverno tem grande amplitude de marés, com correntes e ondulações fortes".
"Vivemos num contexto de pandemia. É altamente desaconselhada a deslocação até às zonas balneares ou de grande concentração de pessoas. Vale sempre reafirmar o óbvio: a contenção do novo coronavírus é feita em casa, não é feitas nas ruas ou nas praias", escreve o município, liderado pelo social-democrata Carlos Carreiras.

A praia de Carcavelos encheu-se de pessoas no dia em que a OMS declarou pandemia relativa ao surto do novo coronavírus
© Paulo Spranger/Global Imagens
A autarquia sublinha que o reforço de vigilância não implica que esta seja feita nos moldes e contingentes habituais, mas apenas que "há vigilância mínima assegurada por nadadores-salvadores, para que, ao problema grave de saúde pública, não se some outro de segurança".
Pedindo para que os cidadãos não vão a banhos, o município refere que, "caso as indicações não sejam seguidas, a Câmara de Cascais pondera ações mais drásticas como a interdição das praias do concelho", em articulação com a autoridade marítima.
A região Norte continua a registar o maior número de casos confirmados (36), seguida da Grande Lisboa (17) e das regiões Centro e do Algarve (três cada).
O boletim assinala também que há 133 casos a aguardar resultado laboratorial e 4.923 contactos em vigilância, mais 1.857 do que na quarta-feira.
No total, desde o início da epidemia, a DGS registou 637 casos suspeitos.
Recomendações da DGS
Para evitar que a epidemia se espalhe a DGS reforça os conselhos relativos à prevenção: evitar contacto próximo com pessoas que demonstrem sinais de infeção respiratória aguda, lavar frequentemente as mãos, evitar contacto com animais, tapar o nariz e a boca quando espirra ou tosse e lavar as mãos de seguida pelo menos durante 20 segundos. Para a comunidade escolar podem ser encontradas mais informações aqui.
Em caso de apresentar sintomas coincidentes com os do vírus (febre, tosse, dificuldade respiratória), a autoridade de saúde pede que não se desloque às urgências, mas para ligar para a Linha SNS 24 (808 24 24 24). De acordo com o último boletim informativo, tosse é o sintoma mais frequente (65%) entre os casos confirmados, seguida de febre (46%), dores musculares (40%), cefaleia (37%), fraqueza generalizada (24%) e, por último, dificuldades respiratórias (10%).