Recentemente, cerca de 20 drones, supostamente russos, violaram o espaço aéreo da Polónia. Para a NATO foi uma deliberada violação do espaço aéreo da Aliança, com o claro propósito de testar a prontidão do sistema de defesa aéreo integrado da Aliança, a vontade e a capacidade de decisão da NATO. O Conselho do Atlântico Norte, o mais elevado órgão de decisão política e militar da NATO, reunido no âmbito do artigo 4º do Tratado da Aliança, manifestou a total solidariedade com a Polónia, e denunciou o comportamento imprudente da Rússia. Perante a gravidade deste incidente, decidiu reforçar o sistema de defesa aéreo do Leste da Europa e implementar a Operação “Eastern Sentry”.A Operação “Eastern Sentry” envolve aviões da caça, sistemas de defesa aérea e meios terrestres, de vários países aliados. O objetivo é reforçar a defesa aérea do flanco Leste da Aliança, contra ameaças aéreas assimétricas, nomeadamente drones e mísseis. Muitos analistas consideram ser uma tímida reação e ser necessário uma resposta mais robusta. Uma resposta que mostre ao Kremlin que a NATO não se intimida por actos de provocação das forças russas.A Polónia e o presidente ucraniano vieram de imediato solicitar à NATO a implementação do uma Zona de Exclusão Aérea (No Fly Zone – NFZ) sobre os céus da Ucrânia. Solicitação já anteriormente feita. Em março de 2022, o presidente da Ucrânia, apelou para a implementação de uma NFZ. Perante as ameaças a que as forças ucranianas e populações estavam sujeitas, particularmente da aviação tática russa, era compreensível o pedido.A definição de uma NFZ é técnica e complexa, não é, simplesmente dizer ou afirmar que vamos implementá-la, é efetivamente muito mais. Tem de haver a vontade de utilizar a “força” contra quem a violar. A violação de uma NFZ, pondo em risco a segurança de quem a está a implementar, é quase obrigatório a destruição dos aviões ou outros sistemas de armas que a tentem violar. No caso em apreço, significava a destruição de aviões russos, ou mesmo ataques dentro do território russo. Esta era uma situação inaceitável para a Aliança, iria certamente provocar uma escalada no conflito. Pelas razões expostas a NATO recusou linearmente a NFZ.A nova proposta quase certamente vai ser recusada pelas mesmas razões, particularmente pelo risco, com elevada probabilidade, da escalada do conflito. A NATO está a ser muito prudente e cautelosa sobre esta proposta da Polónia, e com razão. Os custos em aviões, em recursos e material são elevados.Uma alternativa credível poderá passar por criar uma zona de proteção aérea, na zona Oeste da Ucrânia. Não será uma verdadeira NFZ, terá especificações e características diferentes, o seu propósito será a proteção das fábricas da indústria de defesa e das unidades de treino ucranianas. O risco de escalada será muito baixo. Os custos para a NATO serão manifestamente menores em aviões e recursos materiais. Logicamente, a implementação ou não, será sempre uma decisão política.Os nossos F-16 têm grande experiência na missão de Policiamento Aéreo no Báltico, com vários destacamentos na Lituânia desde 2007. Será sempre uma decisão política sobre a nossa participação como parte da “Coligação de Vontades”..Tenente-general Pilav (REF). Membro do OS&D da SEDES