A expressiva vitória de Rui Costa na segunda volta das eleições do Sport Lisboa e Benfica representa um momento de renovação e reafirmação de confiança por parte dos sócios. Mais do que um ato eleitoral, este resultado simboliza a vontade de continuidade aliada à exigência de transformação. Depois de uma campanha marcada por um debate intenso, por vezes duro, e por confrontos de ideias com adversários determinados, Rui Costa sai mais do que reforçado, mas também carregado de responsabilidades proporcionais à dimensão do clube que dirige e do resultado que obteve.Os sócios do Benfica esperam agora uma liderança firme, capaz de unir o clube em torno de objetivos claros e de uma visão moderna de gestão desportiva. A confiança depositada na atual direção exige resultados concretos — tanto no plano desportivo como institucional. O Benfica é, por natureza, um clube que vive da ambição de vencer e de se afirmar entre os melhores, e é nessa medida que a continuidade na Liga dos Campeões assume um papel determinante. A presença na principal competição europeia de clubes não é apenas uma questão financeira; é um imperativo de prestígio e de afirmação internacional. A eventual ausência dessa montra desportiva seria entendida pelos adeptos e associados como um retrocesso difícil de justificar, especialmente num momento em que o investimento e a qualidade do plantel criam expectativas legítimas. Rui Costa soube defender-se de acusações e explicou com dados objetivos críticas que lhe foram dirigidas. Foi uma boa estratégia, principalmente no final da campanha, se tivermos em conta as sucessivas acusações de João Noronha Lopes. Acusou demais e pouco falou em concreto sobre o futuro. Em sentido contrário, Rui Costa “deu o peito às balas” e falou para os sócios. Foi humilde quando teve de ser (pediu desculpa pelo péssimo tom com que os dois candidatos brindaram quem os via e ouvia no debate final) e tentou sempre ser empático. A proximidade com os eleitores foi um trunfo de definitivamente Rui Costa usou melhor. A luta eleitoral foi um reflexo saudável da vitalidade democrática do clube, mas também revelou a exigência de uma base associativa atenta, crítica e empenhada.O desafio agora é transformar essa energia em união. A pluralidade de opiniões deve dar lugar à convergência de esforços em torno de um projeto comum que reforce o Benfica como referência de rigor, competitividade e transparência. A nova liderança tem a obrigação de ser inclusiva, de ouvir os sócios e de corresponder ao sentimento coletivo de exigência e paixão que caracteriza o universo benfiquista.O peso de não estar na liderança do campeonato e o risco de ver comprometida a continuidade na Liga dos Campeões colocam pressão imediata sobre a gestão desportiva. A equipa principal é o espelho do clube, e a consistência dos resultados deve ser sustentada por uma estrutura que funcione com eficiência e visão estratégica. A aposta na formação, a valorização do património humano e a capacidade de atrair talento sem perder identidade serão determinantes para consolidar o Benfica do futuro.Mais do que nunca, o momento exige serenidade, competência e foco. Rui Costa tem agora a oportunidade de transformar a confiança recebida em obra feita, de aliar o prestígio do passado à exigência do presente, e de projetar o Benfica para um futuro à altura da sua história. O tempo das promessas terminou; começa o tempo das decisões e dos resultados. O sucesso da nova direção dependerá, em última instância, da capacidade de fazer do Benfica um clube não apenas vitorioso, mas exemplar — dentro e fora de campo.Editora executiva do DN