Um voluntariado mais ambicioso – um desafio ao próximo governo
Calcula-se que quase dois milhões se assumem como voluntários. A Confederação Portuguesa do Voluntariado que integra 48 Organizações representantes de, aproximadamente, 700 mil voluntários tem procurado, entre outras finalidades, cooperar, em particular, com as organizações nossas associadas na criação, desenvolvimento e qualificação do seu voluntariado, bem como em intensificar o papel do voluntariado na sociedade portuguesa…
Saliento, também, que já foi entregue uma proposta de alteração à Lei do Voluntariado em vigor. A presente Lei está desatualizada, tendo em conta as mudanças significativas da nossa sociedade nas últimas duas décadas e meia. É necessário que a Lei enquadradora o reflita de forma mais clara e o potencie, nomeadamente, nas formas emergentes de participação cívica.
Em breve, teremos eleições legislativas. Consultei os Programas eleitorais e constatei a quase total ausência de referências, de todos os partidos em relação a este setor; ou seja, o esquecimento inaceitável das dezenas de milhar de entidades que promovem e/ou enquadram a atividade das pessoas voluntárias e, sobretudo, dos quase dois milhões de pessoas que dão uma miríade de horas do seu tempo e as suas competências e experiência para tornar o nosso país melhor. Porquê? Não entendo e não creio ser aceitável esta ausência.
Espero que o próximo Governo de Portugal apresente um programa com as medidas para o desenvolvimento integrado e sustentável do país. Deve reconhecer, de forma muito clara e afirmativa, o valor que o Voluntariado já tem, e o muito que pode ainda acrescentar a esse desenvolvimento. É um valor social, porventura mais difícil de quantificar, mas é também um valor económico, que as economias mais avançadas e atentas já contabilizam, com seriedade, porque, sem o mesmo, seriam muito mais pobres e com muitos mais problemas. É, também, um valor civilizacional, que tem um enorme potencial para lidar com alguns dos maiores desafios que enfrentamos como humanidade neste momento tão sensível da história.
Por isso, é urgente criar uma Agenda do Voluntariado que reconheça o elevado e indispensável valor social e económico do voluntariado, que contribui ainda para a edificação da democracia e a valorização da justiça social e da solidariedade, mobilizando mais pessoas e potenciando a capacitação das entidades promotoras ou enquadradoras de voluntariado, para que elas tenham um ainda maior impacto no progresso do país e na valorização da sua humanidade.
Presidente da Confederação Portuguesa do Voluntariado