Um longo caminho trilhado até chegarmos aqui

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No passado 26 de março, a totalidade da população georgiana estava com o seu coração e cabeça no Estádio Boris Paichadze, nome maior da nossa história futebolística, para assistir e apoiar a nossa equipa num sonho coletivo e nacional, rumo a nossa primeira classificação para um grande torneio internacional.

O jogo frente a Grécia já é o nosso jogo mais histórico. Com o apito final, os 60 mil adeptos georgianos presentes no estádio correram em euforia para dentro das 4 linhas para celebrar junto dos seus representantes nacionais de chuteiras. Reunidos depois por milhares de adeptos que acudiram ao estádio, num estado de euforia, de celebração nacional, que ocupou as maiores avenidas de Tbilisi, capital da Geórgia. Um sonho tornado realidade e que não poderia ter sido festejado de maneira diferente, com alegria estampada na cara de todos, certos de que este feito já ninguém nos tira.

A historia do sucesso do nosso futebol está organicamente ligada à historia da Geórgia. Com a recuperação da nossa independência em 1991, começou um longo, trabalhoso caminho de reconstrução da nossa identidade e espaço vital. O desporto foi uma das áreas. Somos comumente bem cotados e reconhecidos internacionalmente pelo nosso rugby, pela nossa luta livre, mas poucos imaginam o amor que os georgianos têm pelo futebol. Entre os mais apurados, certamente se lembrarão da conquista da Taça dos Vencedores das Taças, no ano de 1981, pela que ficou conhecida como “Grande Equipa”, Dínamo de Tbilisi. Apenas a segunda equipa soviética a ganhar um titulo europeu.

Mãos foram postas ao trabalhado de modo a fazer a modalidade crescer de forma sustentada, conforme ilustram os números de praticantes atualmente registados na FGF, e ganhar aprendizagem com os melhores, sendo Portugal, um dos exemplos maiores do mundo a seguir.

Esta qualificação é um marco, como é também o surgimento de jogadores como Giorgi Mamardashvili, uma muralha com mais tentáculos que um polvo à lagareiro, ou o que será sem dúvida um dos melhores da atualidade, Khvicha Kvaratskhelia, “Kvaradona” para uns, que usa o número 7 em honra do seu ídolo, e de muitas crianças em Tbilisi que carregam a camisola Nº 7 portuguesa nas suas jogatanas de rua, e um dos melhores jogadores que o desporto rei já viu na sua História.

O nosso lugar no campeonato europeu vem logo a seguir a decisão da UE de conceder à Geórgia o estatuto de país candidato, demonstrando que todos os esforços e sacrifícios do povo georgiano têm nos colocado mais próximo de onde devemos estar.

Portugal é um amigo constante da Geórgia. Enfrentar uma constelação de estrelas como a seleção portuguesa, irá ser um desfruto e uma aprendizagem na partilha do campo com jogadores como Bruno Fernandes, Bernardo Silva e, claro, o inigualável Cristiano Ronaldo. Compreende-me perfeitamente o leitor, que com tanta fartura, só poderia citar alguns.

Seja qual for o resultado, deixo apenas a garantia que a Geórgia não irá a lado nenhum, que esta foi a primeira de muitas qualificações que se advinham.

Agora é deixar a bola rolar.

Embaixador da Geórgia

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