A UE insiste no caminho da guerra. Além de não tomar opções firmes em defesa da paz onde a guerra fustiga a vida dos povos – como acontece com o genocídio na Palestina –, a UE assume abertamente a pretensão de constituir-se como bloco militar.A rapidez com que este caminho está a ser feito é cada vez maior e comporta riscos imensos. O desenvolvimento de capacidades ao nível do armamento nuclear é discutido abertamente e com um grau de ligeireza inacreditável, como se de guerras de fisgas e pedras se tratasse.Nada disto pode deixar-se passar.É do futuro das nossas sociedades, das nossas vidas, das vidas dos nossos filhos e netos que estamos a tratar. E tudo isso está a ser comprometido com as opções políticas que estão a ser feitas diante dos nossos olhos.A semana passada ficou marcada por vários passos de sentido negativo nesse caminho contrário aos interesses dos povos.No Parlamento Europeu houve três discussões que merecem destaque.A primeira foi a discussão do SAFE (acrónimo da formulação inglesa Security Action for Europe), um instrumento financeiro que a Comissão Europeia vai utilizar para entregar 150 mil milhões de euros aos Estados Membros destinados ao aumento dos seus gastos militares.150 mil milhões destinados à morte e à destruição das condições de vida dos povos que ficarão a faltar a tudo aquilo que é necessário para dar a resposta aos problemas que afligem diariamente a vida desses mesmos povos.O segundo foi a discussão da revisão intercalar da política de coesão, incluindo a revisão de fundos como o Fundo Social Europeu+, o FEDER ou o Fundo de Coesão.Também aqui o mote é desviar recursos de onde quer que seja para os objectivos militaristas e belicistas da UE. Esse caminho trágico tem uma expressão simbólica no facto de termos passado a ter como um dos objectivos específicos do Fundo de Coesão e do FEDER a mobilidade militar dentro da UE, destino para o qual podem agora ser mobilizados milhões que antes estavam destinados à coesão.O terceiro destaque é para a apresentação da proposta de Orçamento da UE para 2026, apresentada pela Comissão Europeia.O esforço para esconder a deriva militarista e belicista da UE é enorme. O facto da rubrica orçamental da Segurança e Defesa ser a mais pequena de todo o orçamento da UE é um truque evidente para disfarçar o facto de serem retiradas verbas a praticamente todas as outras rubricas do orçamento para as destinar a esse objectivo.Por fim, ouvimos em Portugal o discurso de posse do Primeiro-Ministro referir a intenção, já para este ano, de atingir os 2% do PIB em gastos militares.Isto significa destinar cerca de 6.000 milhões de euros (três vezes o valor do PRR que estava inicialmente destinado à habitação) a esse projecto de guerra e militarismo que não serve o interesse de povo nenhum, incluindo o povo português.A guerra nunca será futuro para povo nenhum mas é para aí que estão a empurrar-nos todos os dias.É urgente travar esse rumo. Eurodeputado. Escreve sem aplicação do novo Acordo Ortográfico