Suicídio político ou kamikaze político? Habeas Orçamento!
O PCP está ligado às máquinas a nível nacional e local, diria eu, em estado vegetal, devido às características demográficas, de "quase nula natalidade eleitoral". O seu discurso cristalizado, imutável e petrificado, como nos indicam as mais recentes sondagens em que a nível das legislativas encontram-se com 5,5% das intenções de voto menos 2,7% que em 2015, em que é devorado pelo partido extremista Chega por exemplo, com 7,1%, os "papa migalhas". O Bloco de Esquerda existe nos grandes centros urbanos, evaporando-se fora destes, em que só mesmo com uma lupa se consegue achar, limitando-se à expressão política mediada pela comunicação social. As sondagens "deixam" o bloco de esquerda a "dormir" na mesma "cama" que o Chega, visto que ambos teriam uma intenção de voto idêntica, isto é, 7,1%, o que é um verdadeiro "nightmare" político.
Estes partidos que se dizem de esquerda, realmente são só de esquerda quando lhes convém, procuram mais protagonismo e capital político quando o eleitorado se cansa do disco riscado. Não nos podemos lembrar quando somente precisamos, necessitamos sim de valorizar e reconhecer o desenvolvimento em crescendo que o nosso país teve desde a edificação do abraço esquerdista nacional, a dita geringonça. Como tudo na vida, os amigos chateiam-se, porém, é de caráter temporário e não ad eterno, como esta birra em forma de retaliação das autárquicas e da gestão da pandemia, tanto do Partido "comenisto" português, como do Bloco "partido" Esquerda. Portugal foi mencionado no New York Times no dia 1 de outubro, uma imagem de reconhecimento como um dos países com uma das melhores gestões políticas da crise gerada pela covid-19, não se politizando a crise pandémica. O Presidente da República foi um verdadeiro "diplomata" em que com as suas valências políticas foi capaz de apaziguar quando a chama era exorbitante e pujante, bem como Rio que com um sentido de perceção responsável soube que não era o momento indicado para ser mais um obstáculo no meio de outro tantos, pois sem uma forte coesão política numa altura tão frágil o nosso país teria ficado com sequelas imediatas profundas e sem solução à vista.
Este orçamento 2022 é o orçamento mais à esquerda de sempre! Não se percebem as posições dos partidos de "esquerda" que agora querem virar onde? À direita? A chantagem clara não pode ser o combustível e compatível com os princípios democráticos de um Estado de Direito e de um partido político, pois o que aqui o Bloco e o PCP pretendem fazer é desvalorizar todo o esforço realizado em torno de reforço do Estado Social, tal como é desvalorizar os trabalhadores, os seus salários, pois deixaria de haver aumento do ordenado mínimo nacional, bem como a título de exemplo, a indemnização compensatória no despedimento, como medida de mitigação da precariedade laboral presente hoje ainda nos contratos de trabalho, entre muito que ficaria pelo caminho. Vivemos tempos difíceis, isto é, estamos ainda a criar uma blindagem forte derivada da crise sanitária, social e económica que enfrentamos e que ainda está amarrada em todos nós, uma ferida por curar. Não são tempos de serem impulsionadas crises sobre crises, pois não haverá dividendos para as pessoas, unicamente mais tragédia, mais fome, menos saúde, "um nove que não chega ao meio" para passar.
O PCP tem inúmeros cartazes espalhados pelo país em que enfatiza, mais salário, reforço do SNS, creches gratuitas e direito à habitação, medidas estas que se encontram contempladas no orçamento de Estado 2022, não podemos é ser hipócritas e querer engordar à força toda, pois o barco das contas públicas não é o quarto do "Tio Patinhas", era bom que assim fosse, mas teremos de conviver com uma realidade díspar.
Será contemplado o aumento extra das pensões que será antecipado para janeiro e irá beneficiar pensões até 1.097 euros, será ainda desenvolvido um projeto de alargamento da gratuitidade das creches para garantir que todas as crianças ficam munidas desse direito. No IRS o mínimo de existência aumenta 200 euros. O salário mínimo nacional chegará aos 850 euros até 2025, mais de 170 mil pensionistas serão isentos de IRS, haverá mais "dinheirinho" para os passes sociais, através do reforço do programa de apoio à redução tarifária nos transportes públicos, uma medida bastante relevante, uma vez que antigamente com os passes a preços elevadíssimos comparativamente ao salário médio e mínimo nacional era incomportável estudar ou trabalhar do outro lado da margem para as famílias, o que atualmente já não se verifica. O IRS jovem foi alargado e prolongado para cinco anos, a dedução do IRS é de 900 euros por ano a partir do segundo filho até aos seis anos. Importa ainda salientar mais uma das várias medidas que será o investimento de mais de 703 milhões de euros na saúde pública (SNS) e o investimento público (em que entrará nesta fatia igualmente a construção da habitação pública) vai disparar 30%, o que significa que o PRR irá viabilizar a execução de 4340 milhões de euros no primeiro ano completo de execução do programa.
Perante algumas das principais medidas do orçamento de Estado, algumas reivindicações são do "menu político" do PCP e Bloco, como não votar a favor do orçamento? Agora não podemos é querer tudo para ontem e acharmos que somos os mais ricos da Europa! Não nos podemos iludir, nem "mandar areia para os olhos" dos eleitores, porque prometer é sempre fácil e depois cumprir? 'Tá quieto! Por isso, dadas as circunstâncias atípicas que enfrentamos temos o orçamento adequado às necessidades prementes de um Estado Democrático e Social, realista e reforçado.
Quem é que irá beneficiar com uma queda do governo e da assembleia da república? Não será certamente o PCP e o Bloco de esquerda que pretendem ficar do lado errado da barricada. A receita poderá vir a ser colhida por aqueles que lançaram ao país um período de austeridade incomparável e que diziam "tudo ficará bem", prometendo mundos e fundos e o fundo do poço foi o que se atingiu. A memória de alguns é curta, mas depois o remédio poderá vir a ser muito amargo e assimétrico, deixando uns no abismo e outros no topo da torre Eiffel a beber um gin e a apreciar a vista.
Diretor De Due Diligence & Compliance