Sintra, a Honra de Servir

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Sintra é a minha terra. Aqui nasci, cresci, vivo e trabalho. Em Sintra formei a minha família e construí todo o meu percurso pessoal e profissional. O amor que tenho a este concelho não se explica apenas em palavras: sente-se em cada decisão que tomei, em cada proposta que apresentei, em cada momento em que procurei estar próximo dos sintrenses. Foi sempre com orgulho, com um profundo sentido de responsabilidade e com total entrega que desempenhei as funções para as quais fui eleito. Tudo o que fiz, fiz com Sintra e com os sintrenses no pensamento.

Nestes anos de trabalho autárquico tive conquistas que me enchem de satisfação. Mantive sempre uma relação institucional séria, cordial e respeitosa com todos os elementos do executivo. Foi para mim motivo de orgulho ver Sintra tornar-se, por proposta minha, o primeiro município do país a aprovar a comemoração oficial do 25 de novembro — data fundamental para a nossa democracia, que felizmente começa a ser agora reconhecida transversalmente. É com satisfação que vejo finalmente assinado e em fase de execução o protocolo para a instalação de câmaras de videovigilância, uma medida que defendi desde o primeiro dia como essencial para a segurança no nosso concelho. Com muito empenho promovemos o Festival de Doçaria Regional, valorizando a nossa cultura, identidade e tradições. Fui um defensor intransigente das forças de segurança, dos nossos bombeiros, da proteção dos sintrenses e da segurança pública no concelho. Mantive sempre a porta aberta, pronto a ouvir, a receber e a dialogar com todos aqueles que, com razão ou preocupação, me procuraram.

Hoje anuncio a decisão de não me recandidatar. Esta escolha nasce da convicção de que a política, tal como se tem praticado em Portugal, está cada vez mais marcada pela polarização, pelo peso dos egos e pela lógica interna dos partidos, em vez de estar centrada nos cidadãos e no espírito de missão. O sistema eleitoral português, que afasta quem pretende exercer funções de forma independente, e as dinâmicas partidárias, que frequentemente privilegiam o taticismo em detrimento do mérito e da visão de futuro, são fatores que afastam muitos dos melhores das funções para as quais seriam mais indicados. Aprendi ao longo destes anos que a política autárquica deve ser, acima de tudo, prática, pragmática e orientada para as soluções que realmente melhorem a vida dos munícipes e garantam um crescimento sustentável do concelho.

Foi um orgulho ter integrado um executivo com pessoas dedicadas e apaixonadas por Sintra, tanto quanto eu. Apesar de divergências estratégicas, quero sublinhar que foi uma honra ter partilhado este percurso político com alguém que marcou a política nacional, com um conhecimento político ímpar no nosso país. Discordámos muito, sim, mas sempre com respeito — e é essa marca que ficará na história de Sintra.

Desejo que quem me suceder saiba fazer mais, saiba compreender as preocupações dos sintrenses, sobretudo em áreas críticas como a crescente insegurança, a mobilidade, a imigração descontrolada que afeta o país e que também se sente em Sintra, com impacto direto na saúde e na educação.

Continuarei sempre vigilante, atento, e serei sempre uma voz ativa na defesa de Sintra e dos sintrenses. Não deixarei de estar presente, disponível e ao serviço, como sempre estive.

Servir Sintra foi, é e será sempre uma honra.

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