Será que é Biden o candidato do Partido Democrata?

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Os partidos políticos norte-americanos vão eleger os candidatos para as eleições presidenciais de novembro de 2024 através de um longo processo de eleições primárias, que culmina com as convenções partidárias no verão de 2024. É praticamente certo que o ex-presidente Donald Trump venha a ser o candidato presidencial republicano.

Em março de 2019, durante a campanha das primárias para as eleições presidenciais de 2020 do Partido Democrata, o então ex-vice-presidente Biden, com vista a combater as críticas sobre a sua idade, disse que seria presidente durante um mandato apenas, mas em abril de 2023, quatro anos depois, anunciou que iria tentar a sua reeleição. Se em 2024 Biden for reeleito, terá 86 anos no final do seu segundo mandato, em 2028, uma idade que a maioria dos americanos considera demasiado avançada para um presidente. Biden afirmou que a decisão de se candidatar é motivada, em grande medida, pela obrigação de impedir que Trump regresse ao poder, pois venceu Trump em 2020 e está melhor posicionado para o vencer novamente em 2024.

Há um receio crescente entre os democratas de que Biden não seja capaz de vencer Trump, pois apresenta demasiadas fraquezas:
- Tem o mais baixo índice de aprovação presidencial alguma vez registado (desde 1945) - apenas 34% favorável;
- A performance  dos EUA tem sido melhor do que a de qualquer outro grande país ocidental (inflação muito mais baixa mantendo o emprego elevado), mas os americanos têm uma visão negativa da economia - sentem que a sua situação piorou e culpam Biden disso;
- Sondagens recentes posicionam Trump à frente de Biden em cinco dos seis Estados decisivos, onde será disputada a eleição presidencial. Se as eleições se realizassem hoje, seria provável que Trump fosse o vencedor;
- A economia dos EUA está a melhorar, Biden é visto como estando a gerir bem o papel dos EUA nas guerras na Ucrânia e em Israel, mas o seu índice de popularidade não melhorou;
- 70% dos americanos referem a idade, a saúde, as faculdades mentais ou a capacidade de Biden para desempenhar o cargo como a principal preocupação, sendo pura e simplesmente considerado demasiado velho para o cargo.

A equipa de Biden afirma, com alguma justificação, que as sondagens a esta distância das eleições não são muito significativas, que têm 10 meses para mudar o rumo e que, assim que os eleitores perceberem que a escolha é entre Biden e um perigoso Trump, se juntarão a Biden. Muitos democratas ainda não estão convencidos. Uma sondagem mostra que 67% dos democratas querem outro candidato, e há uma sensação crescente de pânico entre os democratas de que Biden os levará à derrota em 2024.

Haverá alguma hipótese de os democratas escolherem um adversário de renome que não seja Biden?

Os presidentes em primeiro mandato têm o poder da incumbência, um amplo reconhecimento do nome, uma organização de campanha estabelecida e a capacidade de angariar grandes quantias de dinheiro, o que lhes dá uma enorme vantagem para conseguir a nomeação do seu partido para um segundo mandato. Desde que Biden declarou a sua candidatura, tornou-se, de longe, o principal candidato à nomeação do Partido Democrata para novembro de 2024. Já é demasiado tarde para qualquer potencial candidato sério passar pelos procedimentos complicados e dispendiosos de entrar nos boletins de voto das eleições primárias dos vários estados e não há qualquer incentivo para um potencial adversário arriscar o seu futuro político atacando o presidente. A força motriz que se exprime no desejo de muitos democratas de substituir Biden - o medo de perder para Trump - é também a motivação de outros democratas para o apoiarem: mudar de candidato nesta fase já tardia seria politicamente suicida.

Salvo se houver algum problema de saúde grave que o impeça de concorrer, ou uma mudança de opinião, altamente improvável, o presidente Biden será o candidato pelo Partido Democrata em 2024.


Autor de Rendez-Vous with America, an Explanation of the US Election System.

Presidente do American Club of Lisbon.
Opiniões aqui expressas são pessoais e não vinculam o American Club of Lisbon.

Artigos prévios em Inglês e comentários disponíveis no website:
http://rendezvouswithamerica.com 

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