Sem medo de ser feliz
Depois de anos, demorados a passar e difíceis de acreditar, de tristezas variadas, de sofrimentos sem fim, de reveses absurdos e até de pesadas humilhações internacionais, é hora de o Brasil ser feliz de novo. Sem medo.
De fazer as pazes com a sua gloriosa história e de retomar o caminho do sucesso, que jamais deveria ter sido abruptamente interrompido.
A vitória é certa? Apesar de todos os sinais a darem como provável, não, não é. Nestas coisas, nada é garantido antes da hora sem cada um fazer a sua parte.
Entretanto, por mais armas que os rivais tenham, por mais ameaçadores que pareçam, o Brasil, outra vez sob a liderança de um predestinado, não deve ter medo, nem hoje, nem nunca, de ser feliz.
Dessa forma, brancos e negros, um Brasil de todas as cores; ricos e pobres, um Brasil sem distinções sociais; Norte, Sul, Sudeste, Nordeste e Centro Oeste, um Brasil de todas as regiões; Amazónia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal, um Brasil respeitador de todos os seus biomas, pode voltar a festejar, pode voltar a vibrar -- unido e feliz. O Brasil merece, outra vez, uma oportunidade para sorrir e ver brilhar a sua estrela.
E não dá para esperar mais quatro anos. Tem de ser já. Tem de ser no Mundial do Qatar.
Sim, com a licença do leitor, hoje esta coluna, por respeito ao atribulado processo eleitoral em curso no país, não fala de política, fala de futebol.
O Brasil foi campeão mundial em 2002 e com esse título se manteve feliz e orgulhoso, sob o comando de um predestinado, Ronaldo Fenómeno, e sob o comando de um predestinado, Neymar, continua.
Mas as tais tristezas variadas, os tais sofrimentos sem fim, os tais reveses absurdos traduziram-se em derrotas precoces, inesperadas e amargas, em 2006, para a França, em 2010, para a Holanda, há quatro anos, para a Bélgica. Além, claro, da pesada humilhação internacional, em 2014, para a Alemanha, o célebre 7-1 que não se pode repetir jamais, em quaisquer circunstâncias.
São muitas edições da Copa sem fazer as pazes com a sua gloriosa história e de retomar o caminho do sucesso traduzido nas cinco estrelas de campeã mundial -- única seleção que se pode orgulhar de tanto -- a brilharem nas lapelas em vivo amarelo canarinho.
O triunfo, no entanto, está longe de garantido: por mais que o Brasil tenha convencido nos particulares com Gana e Tunísia, por mais que lidere o ranking da FIFA, à frente de Bélgica e Argentina, e por mais que seja o favorito nas bolsas de apostas, à frente de França e Espanha, nada está ganho -- longe disso. Nestas coisas, nada é garantido antes da hora sem cada um fazer a sua parte.
Entretanto, não pode temer nem Messi, nem Mbappé, nem demais armas dos rivais, sob a liderança do selecionador Tite e do citado Neymar não pode ter medo de ser feliz.
Dessa forma, brancos e negros, um Brasil de todas as cores, ricos e pobres, um Brasil sem distinções sociais, Norte, Sul, Sudeste, Nordeste e Centro Oeste, um Brasil de todas as regiões, Amazónia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal, um Brasil respeitador de todos os seus biomas, pode voltar a festejar, pode voltar a vibrar -- unido e feliz. O Brasil merece, outra vez, oportunidade para sorrir e ver brilhar a sua estrela.
E não dá para esperar mais quatro anos. Tem de ser já. Já, o mais depressa possível, sem mais demoras.
Jornalista, correspondente em São Paulo