Nos últimos dias passou praticamente despercebida uma decisão do governo da Eslováquia que entrou diretamente para o topo das candidatas a anedotas e memes na internet. Para o caso de o leitor não se ter apercebido aqui segue a explicação: o parlamento deste país aprovou uma norma que limita a velocidade de circulação de peões e ciclistas nos passeios. E sabe qual é a velocidade máxima permitida? Seis quilómetros por hora. Quem for apanhado a prevaricar será multado em 100 euros, referem as notícias sobre esta inusitada decisão.De acordo com a notícia que li, o presidente da organização não-governamental promotora da mobilidade sustentável Cyklokoalicia, Dan Kollar, assegura que a “6 km/h é difícil manter o equilíbrio, e até as crianças de três e quatro anos anos ultrapassam regularmente essa velocidade nas suas bicicletas”. E acrescentou: “O governo está a criar uma situação em que as crianças infringirão a lei todos os dias e estaremos a ensiná-las que isso é aceitável.”Uma das justificações para tal medida defendida pelo executivo liderado pelo primeiro-ministro Robert Fico são os dados estatísticos da polícia, que lembram terem morrido no ano passado 67 peões e 22 ciclistas ou utilizadores de trotinetes no país. Mas não explicam se ocorreram em passeios ou na estrada.À primeira leitura sorrimos perante a decisão, mas a verdade é que o assunto é sério. Seja pelo lado da liberdade individual ou pelo eventual número de acidentes e mortes que ocorrem por não se terem os cuidados necessários ao circular (ou andar) nos passeios - recorde-se, por exemplo, que a PSP anunciou que nos primeiros quatro meses do ano registaram-se em Portugal 623 acidentes com utilizadores de velocípedes e trotinetes, dos quais resultaram 16 feridos com gravidade. Vamos esperar para ver os resultados desta norma, que deverá entrar em vigor a 1 de janeiro.Regressando ao nosso País, fica a referência a duas situações que, infelizmente, já nem surpreendem.1.ª O julgamento do antigo primeiro-ministro José Sócrates voltou a ficar suspenso, agora para que o principal acusado na Operação Marquês (onde responde por 22 crimes, entre eles de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal) possa contratar um advogado, depois de Pedro Delille, que o acompanhava desde o início do processo (em 2014), ter decidido abandonar a defesa do antigo governante. Com esta decisão o julgamento vai voltar a atrasar e, provavelmente, alguns dos crimes ficam mais perto de prescrever.2.ª Só depois de ser conhecido o caso de um médico dermatologista que em dois anos ganhou 700 mil euros com cirurgias adicionais é que a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde ficou alerta para eventuais casos idênticos. Deixo uma dúvida, a terminar: os responsáveis dos hospitais não sabem de nada do que se passa nas suas unidades sobre situações como estas? Editor executivo do Diário de Notícias