Em Abril comemora-se o Dia Mundial da Saúde, um pilar fundamental em qualquer contexto, inclusive no trabalho. De facto, as empresas são feitas e dependem de pessoas. A saúde impacta diretamente o desempenho do colaborador e, portanto, os indicadores económicos e financeiros da organização.Contudo, esta área continua a não ter o lugar que deveria na mesa das decisões, na grande maioria das organizações. Ainda não existe uma estratégia bem definida, implementada e medida que relacione os vários indicadores de saúde e que dê pistas para os próximos passos. Existem ilhas pouco ou nada interligadas entre a medicina do trabalho, os recursos humanos, a segurança e a área de bem-estar.A prevenção ainda não é a primeira opção. Com os recursos que as organizações têm de ter disponíveis, onde recolhem dados que são obrigatórios para responder às diversas necessidades legais, poderiam haver mais respostas e uma maior aposta na prevenção. Por exemplo, se os dados agregados da medicina do trabalho revelam que há uma tendência ao excesso de peso, esta tem de ser uma preocupação imediata que seja integrada nos planos de saúde e bem-estar na organização. Se agravar ou perdurar no tempo, há uma maior probabilidade de haver outro tipo de problemas mais críticos como as questões cardiovasculares, eventualmente com baixas duradouras ou outros condicionalismos com custos elevados para a pessoa mas também para a organização. É fundamental criar uma resposta concertada para inverter aqueles indicadores. Por outro lado, se a maioria da população pratica exercício físico com regularidade, não há indicadores preocupantes com a mobilidade, então não há grande vantagem em criar o ginásio como benefício.Esta imaturidade na gestão desta área basilar é transversal às diferentes dimensões da saúde. Se começam a aparecer baixas relacionadas com a saúde mental, já se está a correr atrás do prejuízo. No entanto, ainda existe uma oportunidade para ajustar o trabalho e criar respostas para prevenir uma recaída aquando do regresso da pessoa.As diversas áreas de suporte, têm de funcionar efetivamente como suporte. Se as estruturas existem somente para cumprir com os requisitos legais, é um gasto com pouco usufruto. Os indicadores da medicina do trabalho, de RH (absentismo, presentismo, saída da organização, avaliação de desempenho), de saúde e bem-estar (avaliação de riscos psicossociais, estudos de clima, engagement) e de segurança (acidentes de trabalho, cumprimento das regras de segurança) e de negócio (alcance de objetivos, financeiros, económicos) devem alimentar as decisões para a construção de planos de ação, formações, benefícios, entre outros. No âmbito da saúde, quando ultrapassarmos o obrigatório e caminharmos para o estratégico ganhamos todos, pessoas, organizações e sociedade.