Quero o 25 de Abril de volta
Foi esta semana festejado o quadragésimo oitavo aniversário da revolução de 25 de Abril e dei comigo a pensar o que é que aquele dia nos trouxe, mas que afinal não chegou a ficar.
Em primeiro lugar, a liberdade.
Uma ambição natural da pessoa humana - e que é a única maneira de viver que permite a cada um desenvolver-se na sua condição de ser humano, e a única forma de trilhar um caminho que nos faça conseguir o objetivo de ser felizes.
A liberdade que tanto foi ambicionada por muitos dos que na primeira geração de dirigentes nos conduziram nos primeiros passos nesta nova vida que então começava.
Alguns tinham tentado consegui-la através da mudança interna do regime, outros através da confrontação, mas todos tinham um objetivo comum de permitir ao povo deste país viver livre e ser responsável pelas suas decisões.
Mas cedo começámos a sentir que a tentação do poder não tornaria fácil esta caminhada.
E deu-se o 11 de março.
E tentaram voltar a tirar-nos a liberdade. Com decisões ditatoriais muito influenciadas pelo estilo russo, então soviético, em que nada era considerado livre à exceção daquilo que fosse aprovado pelo comité central.
Mas o povo é sereno e em 25 de Novembro renasceu a esperança. Com uma força muito grande, de quem já há muito aspirava essa liberdade então reconquistada, ficou a sensação de que estava ganha a guerra e que iríamos enfim viver com a dignidade de pessoas a quem é devido o respeito e a quem são pedidas responsabilidades.
Mas, seja porque a comodidade de ter conquistado nos deixa adormecidos, seja porque a digestão do combate político não tenha sido verdadeiramente concluído, deixando os que seguiam mais pela direita isolados dos festejos de abril, ou porque aceitámos dar o epíteto de democrático a quem já tinha provado não o ser e que hoje insiste em manter esse autoritarismo em face à desgraça a que assistimos na Ucrânia, a verdade é que o caminho seguido trouxe-nos a uma realidade que não é nem de perto nem de longe aquela que nos foi entregue no dia 25 de abril.
Nesse dia acabou a censura, mas hoje temos uma censura social, que é tão ou mais dura que a anterior, e ainda mais perigosa, pois não se baseia em instituições, mas sim na opinião de uma esquerda intolerante que pretende decretar uma nova moralidade não nos permitindo pensar de uma forma diferente da sua.
Nesse dia foi-nos dito que seríamos respeitados e que todos teriam o seu lugar na sociedade. Hoje há muitos que não só não são respeitados como há muitos outros a quem não é permitido ter esse lugar.
Foi-nos dito que a democracia nos era entregue com a responsabilidade de assumirmos as nossas decisões e hoje, seja porque a justiça não funciona, seja porque a permissividade se instalou, a ninguém é pedida a responsabilidade pelas ações que prejudicam os restantes.
Foi-nos dito que íamos estar tão melhor, que todos estaríamos juntos na defesa dos valores mais importantes da nossa sociedade e do nosso país.
É este 25 de abril que eu quero de volta.
Uma maneira de viver em que nos preocupemos uns com os outros, em que o meu interesse pessoal não possa prejudicar o meu vizinho, em que a preguiça não justifique a incapacidade de fazer o que é devido.
Um país tolerante e não permissivo e um país moral, mas não moralista.
Uma sociedade que agregue e que não divida.
Um 25 de abril celebrado pela direita, pelo centro e pela esquerda, que faça Portugal chegar mais longe e traga aos portugueses felicidade, prosperidade e futuro.