Quem são os amigos do Chega?

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Esta semana começou com o anúncio de um novo grupo europeu de extrema-direita. Liderados por Viktor Orbán, atual primeiro-ministro da Hungria, os “Patriotas pela Europa” querem fazer marcha-atrás na integração europeia e na transição ecológica, além de endurecer (ainda mais) a retórica antimigratória.

Para vincar a força destas ideias, Orbán surgiu acompanhado de Andrej Babiš e de Herbert Kickl, os favoritos a ganhar as eleições nacionais deste ano na Chéquia e na Áustria, respetivamente. E não será inocente esta divulgação ocorrer na véspera de a Hungria assumir a presidência do Conselho da UE - uma função rotativa entre os 27 Estados-membros.

André Ventura, com a habitual agilidade para capitalizar novidades, manifestou-se apressadamente a favor da entrada do Chega neste novo grupo. Vejamos, então, quem é que a extrema-direita portuguesa escolheu como aliados para “Limpar a Europa”, a promessa que repetiram ao longo da última campanha.

Na Hungria, o Fidesz embarcou num projeto autoritário de desmantelamento do Estado de Direito: controlo político dos meios de comunicação social e das universidades, redução da independência de instituições como o Banco Central ou os tribunais, ataque aos direitos fundamentais de refugiados e minorias.

Na República Checa, Andrej Babiš até já foi primeiro-ministro. Tornou-se mais célebre quando foi mencionado nos Pandora Papers, investigação jornalística que revelou como Babiš utilizou offshores para adquirir em segredo um castelo em França e outras propriedades de luxo, ocultando a origem do dinheiro. Está sob investigação por branqueamento de capitais.

Na Áustria, a extrema-direita do FPÖ foi apanhada num caso flagrante de corrupção. O então líder do partido - de quem Kickl era braço-direito - foi gravado a negociar a concessão de contratos públicos a um alegado contacto de oligarcas russos, a troco de cobertura favorável na comunicação social. Um “patriota” pronto a minar a soberania do Governo nacional e vender influência política a interesses estrangeiros, tudo em benefício próprio.

E, como se não bastasse todo este “currículo”, relembremos que Orbán tem sido a principal fonte de bloqueio à ajuda europeia à Ucrânia, ou que Kickl do FPÖ tem defendido repetidamente o alívio das sanções à Rússia. Posições úteis para Vladimir Putin, que continua apostado em auxiliar os políticos que querem voltar a retalhar o espaço europeu - tornando-nos mais vulneráveis à influência externa.

Talvez André Ventura, que escolheu deliberadamente estas companhia, nos possa explicar como é que se faz a limpeza de que fala com estas figuras. 

Lá diz o povo: “Diz-me com quem andas...”

18 valores: Diogo Costa

O futebol é um desporto de 11 contra 11, mas há dias em que 1 faz toda a diferença. Se Portugal está nos quartos-de-final do Europeu, muito se deve ao guarda-redes: uma defesa crucial ao minuto 115 do prolongamento, seguido de três penáltis defendidos. Impressionante.

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