Quando a política vira comédia... ou drama

Publicado a
Atualizado a

Um "simples" adjunto de um ministro pode fazer cair o governo, obrigando a eleições antecipadas, se o bom senso do Presidente da República não prevalecer.

Nas últimas duas semanas o líder da oposição, ajudado por figuras do arquivo do próprio partido, tem conseguido distrair jornalistas e comentadores políticos com o desaparecimento/recuperação de um computador a que pretensamente se juntam agressões entre colegas ou ex-colegas de serviço.

Uma comissão de inquérito à TAP, cujo assunto é verdadeiramente importante, anda ocupada com o assunto do computador: interveio supostamente o SIS, onde deveria ter sido a Polícia Judiciária, ou a PSP, a mando não se percebeu ainda de quem, nem porquê.

Sejamos honestos: ao cidadão comum o assunto interessa pouco ou nada. Ainda que pareça que os elementos do governo envolvidos não estão à vontade com a história que veio a público e que as verdades possam não ser coincidentes, não justifica tanto e permanente alarido nos órgãos de comunicação, nem tão pouco inquirições na CPI de 7 horas aos envolvidos.

O que importa verdadeiramente no caso TAP é como estão a ser usados os milhões que os Portugueses lá investiram e quando é que a empresa deixa de precisar de ajudas financeiras que são necessárias para as melhorias que são urgentes na saúde, no ensino, na justiça, na ferrovia e em muitos outros investimentos essenciais.

Aos portugueses importa que governo e oposição se concentrem em apresentar soluções que melhorem financeiramente a vida de todos nós, que permitam melhores empregos, melhores condições de vida, menos impostos e mais qualidade dos serviços que destes dependem.

Os portugueses não precisam de instabilidade política permanente. Não precisam que o governo e a maioria falhem na gestão que lhes cabe, ou que adotem comportamentos que ponham a causa a credibilidade das instituições e da ação política. Mas precisam ainda menos de uma oposição sem ideias, que se limita a repetir até à exaustão que estamos muito mal e que é obrigatório mudar de governo, porque o SIS interveio e não devia.

Na realidade no meio de tanta distração, ainda não ouvimos grandes comentários aos indicadores da economia, que cresceu 1,6% no primeiro trimestre do ano e ficou no pódio da zona euro, à travagem da inflação de 7,4% para 5,7%, ou à melhoria da confiança dos portugueses que atingiu o seu máximo desde fevereiro de 2022.

Aos portugueses interessa verdade, seriedade, ética e bom senso, aplicados aos assuntos que podem mudar a vida de cada um. Não nos esqueçamos que as mesmas forças políticas que reclamam eleições antecipadas, já o fizeram há um ano atrás, embora com outros protagonistas, tendo os portugueses respondido em sentido antagónico ao que estes pretendiam.


Presidente do Instituto Politécnico de Coimbra

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt