PS vai tentar manter o poder
O PS governou Portugal metade dos 50 anos de democracia portuguesa e pretende continuar a fazê-lo. Esta foi a ideia com que fiquei depois do Congresso.
A sua capacidade de sair das cinzas, assim como, de se travestir de oposição a si próprio explica a sua apetência pelo poder e capacidade de sobrevivência.
O PS há dois meses perdeu o seu líder, devido a um escândalo, ainda, pendente de esclarecimento e viu esfumar-se uma maioria absoluta.
Este foi o congresso pós-traumático e o novo líder Pedro Nuno Santos ignorou essas feridas, falou do futuro e reivindicou a nova geração nascida depois do 25 de Abril de 1974.
Evitou falar das coisas que têm corrido menos bem ao PS ( SNS, ensino, justiça); nem uma critica à lentidão da justiça, que vai definir o futuro de António Costa.
Não nos podemos esquecer que Pedro Nuno Santos pertenceu a três governos socialistas presididos por António Costa, desde 2015, porém, inteligentemente não fez rupturas, mas pontes, evitando pôr tudo em questão e procurando dar um cunho pessoal com mudanças serenas; melhorar salários; mais casas a preços acessíveis; melhorar a classe média; melhoria das condições dos professores.
No fundo, começou com a sua campanha eleitoral, com uma promessa que colhe nos portugueses, passar o salário mínimo para 1000 euros até 2028 e uma nova proposta para contribuir para a sustentabilidade do sistema de pensões no futuro.
Com a transformação da economia pela automatização, robotização e inteligência artificial há tendência para aumentar a produtividade, mas serão precisos menos trabalhadores. Estas empresas altamente lucrativas deixam de contribuir para a Segurança Social. Pedro Nuno Santos quer obrigar as empresas tecnológicas a dar a sua contribuição para evitar que as futuras pensões colapsem e deixem de depender unicamente das prestações dos trabalhadores que estão no activo.
Outra proposta inovadora contempla o aumento das rendas em função da evolução dos salários, em vez, de indexadas à inflação.
Por fim, a promessa de incorporar o serviço de saúde oral, até agora, excluído no SNS.
O PS virou a página e António Costa já é passado. A demissão de António Costa está digerida e só pensam na vitória.
O PS saiu do congresso unido, com algum ressentimento, mas com a estratégia de captar o voto ao centro e o voto útil.
O futuro não está escrito, mas o PS tem uma nova geração a liderá-lo. A geração baby boomer, ou seja, aqueles nascidos após a Segunda Guerra Mundial, entre 60 e 78 anos de idade, deu lugar à geração intermédia, que tem agora entre os 45 anos e 60 anos. Pedro Nuno Santos tem 46 anos.
Porém é aquela que parece não ser capaz de enfrentar o aumento de autoritarismo nas democracias. O caso da geração de Meloni, de Macron, de Sánchez.
O problema do PS é a chamada Geração Z ( 1995-2012) que pode ir às urnas e mudar o rumo das eleições.
Basta eles assumirem as suas responsabilidades. Vivem com a Internet e não vêem televisão, mas estão fartos de políticos, destas políticas e de serem ignorados.