1 . A construção de uma mesquita em Samora Correia, concelho de Benavente, está a dominar a campanha eleitoral para as eleições autárquicas nesta localidade do Ribatejo. Uma parte da população está contra a construção da mesquita e a generalidade dos partidos também. Uns de forma mais aberta, admitindo que se deve ao facto de ser um templo muçulmano, outros de forma menos assumida, mas ainda assim deixando claro que são contra. Trata-se de uma violação evidente do princípio da liberdade religiosa, uma vez que não existe uma razão válida, à luz da lei, para impedir a construção de um templo religioso no local. Mas em tempo de eleições estas posições rendem votos.Os opositores da construção desta e de outras mesquitas fundamentam a sua posição com uma alegada necessidade de preservar as tradições e a cultura locais, numa alusão velada, mas evidente, ao cristianismo. Portugal é um país maioritariamente cristão desde a sua fundação. E o facto de o Estado ser laico não significa que a sociedade o seja. Porém, os opositores das mesquitas não estão a referir- -se à religião propriamente dita, mas sim a uma cultura de origem cristã que é partilhada pela maioria dos portugueses, incluindo milhões de agnósticos e ateus, que a seu ver estará em risco com a construção destes templos. Na verdade, não estão preocupados com a descristianização da sociedade portuguesa, que deve muito mais ao materialismo do que à chegada de imigrantes muçulmanos. Aliás, se alguém estiver preocupado com a descristianização da sociedade portuguesa, pode começar por procurar viver como um cristão, o que pressupõe, entre outras coisas, acolher bem os estrangeiros e respeitar o direito de cada um a praticar a sua religião.No fim de contas, o que os opositores das mesquitas conseguem com a sua proibição será exatamente o tipo de fenómenos que dizem querer evitar. Ao empurrarem os muçulmanos para um estado de semi-clandestinidade, contribuem para a exclusão social dessas pessoas. Facilitam o surgimento de correntes extremistas nessas comunidades e dificultam a sua monitorização por parte das autoridades. A imigração precisa de regras e as pessoas têm de ser devidamente integradas. Mas impedi-las de praticar a sua religião não só é errado à luz da lei e da ética como é contraproducente.2. O Diário de Notícias foi o primeiro jornal moderno em Portugal, inaugurando a era do jornalismo de massas, financiado pelas receitas da publicidade. Quando nasceu, em 1864, o jornal foi inovador a vários níveis, tanto no plano editorial como no modelo de negócio, trazendo para Portugal os populares anúncios classificados. Ao longo de 160 anos, o DN soube sempre reinventar-se e, após cada crise que superou, emergiu mais forte. O momento que vivemos é uma dessas fases de transformação do jornal rumo a um novo futuro. Não é segredo que esta direção do DN, que iniciou funções em setembro do ano passado, assumiu o leme do jornal num momento delicado, após longos meses de instabilidade. Acreditamos no futuro do DN e, desde então, temos procurado, com o apoio dos acionistas e o empenho de toda a equipa, implementar uma estratégia que visa ir ao encontro das novas tendências de consumo de informação, de modo a chegar a novos públicos e gerar novas fontes de receita. De forma muito resumida, é uma estratégia que assenta nos seguintes princípios: foco nos temas realmente relevantes, através de uma abordagem multiplataforma (papel, digital, multimédia e eventos), para melhor servir a nossa comunidade de leitores. Esta estratégia começa a dar frutos, com o site do DN a mais do que duplicar o seu número de leitores mensais, para mais de 2,8 milhões. Aos leitores, o nosso agradecimento pela preferência e pela confiança. Muito obrigado por estarem connosco nesta caminhada e por fazerem parte desta comunidade crescente. Reiteramos o nosso compromisso de os servir com jornalismo independente, rigoroso e de qualidade.