Procurar uma agulha num palheiro
É um mundo à parte, muito próprio, especial e único com histórias que deslumbram a maioria das pessoas. A que lhe vamos contar, a partir de amanhã, em gridigital.pt, é única em Portugal e rara no mundo.
Sabia que os gémeos idênticos têm o mesmo ADN? Este caso incomum de clonagem natural pode revelar-se uma importante solução para um problema. Numa situação de transplante, uma vez que os órgãos de um irmão são completamente compatíveis com o outro, os gémeos monozigóticos têm garantido um dador com "peças suplentes".
Mas o facto de o código genético ser idêntico nestes gémeos também pode ser um grande problema. Num caso forense, por exemplo, em que a única prova do crime seja o ADN, o tribunal pode ficar impedido de condenar o gémeo culpado por não conseguir distingui-lo do seu irmão inocente. Na Malásia, em 2009, foi assim que um par de gémeos escapou à pena de morte por um crime de tráfico de droga.
E em casos de averiguação oficiosa de paternidade? Se uma mulher se envolver com gémeos idênticos no mesmo período fértil e engravidar, os testes de paternidade apontam ambos irmãos como pais da criança em 99,999% de probabilidade. Contudo, na verdade, apenas um deles é o pai biológico e o outro é o tio.
São casos raros no mundo e existe um em Portugal. A "Maria" tem 22 anos e foi registada sem nome de pai, porque o Tribunal de Família e Menores do Porto, em 2002, não conseguiu definir qual dos irmãos era o progenitor. Dez anos passados, a ciência evoluiu e existem novas tecnologias que possibilitam a sequenciação do genoma humano na sua totalidade. Isto pode permitir à Maria tentar descobrir qual dos gémeos é o seu verdadeiro pai, mesmo que seja como procurar uma agulha no palheiro.
Diretora Grande Reportagem GMG