Portugal escolheu o lado certo da liberdade

Publicado a

O Parlamento português aprovou, na generalidade, a proposta do CHEGA que proíbe o uso de vestuário destinado a ocultar o rosto em espaços públicos, uma medida de coragem, de civilização e de defesa dos valores que moldam a nossa identidade.

Não se trata de religião, mas de dignidade, segurança e respeito pelo modo de vida português.

Em pleno século XXI, não podemos continuar a fingir que o uso da burca é uma simples escolha cultural. Na esmagadora maioria dos casos, não é. É uma imposição um instrumento de controlo e submissão da mulher que a priva da liberdade, da igualdade e da sua própria individualidade. O que está em causa não é o direito de acreditar, mas o direito de ser livre.

A proposta do CHEGA, aprovada com os votos do PSD, Iniciativa Liberal e CDS, vem alinhar Portugal com aquilo que já é prática em várias democracias europeias, como França, Dinamarca, Bélgica, Áustria ou Holanda, onde o véu integral é proibido em espaços públicos. Estes países compreenderam cedo que a tolerância não pode ser confundida com rendição, e que a defesa dos direitos humanos exige firmeza perante costumes que atentam contra a dignidade da mulher.

Os argumentos levantados contra esta medida revelam, mais uma vez, a hipocrisia de uma certa esquerda que, em nome de um falso multiculturalismo, fecha os olhos à opressão feminina. É a mesma esquerda que fala em igualdade de género, mas silencia quando a opressão vem mascarada de tradição religiosa; que defende o feminismo nas avenidas de Lisboa, mas ignora as mulheres que, por imposição, são obrigadas a esconder o rosto nas ruas da Europa.

Esta lei protege a mulher e reforça a segurança pública. Num momento em que a Europa enfrenta desafios crescentes de imigração, radicalização e insegurança, é imperativo que Portugal não repita erros de outros países. A ocultação do rosto em espaços públicos impede a identificação, facilita o anonimato criminoso e fragiliza o trabalho das forças de segurança. O direito à segurança é um direito fundamental e não pode ser relativizado.

Quem chega a Portugal tem de respeitar Portugal. Respeitar a nossa forma de viver, os nossos valores e o princípio inegociável da igualdade entre homens e mulheres. Nenhum país se constrói se abdicar da sua identidade para agradar ao politicamente correto. E defender as nossas regras não é xenofobia, é soberania.

Esta proibição não é um ataque a ninguém. É um ato de defesa. É proteger mulheres que, em muitos casos, não têm voz para se defenderem. É afirmar que, neste país, a liberdade individual e a dignidade humana não são negociáveis. As exceções previstas para motivos de saúde, arte, religião ou segurança demonstram equilíbrio e bom senso. Mas a mensagem central é inequívoca: Portugal não tolerará o véu da submissão sobre o rosto das suas ruas.

Sinto orgulho em ver o Parlamento português dar este passo. Um passo que é, acima de tudo, um grito de liberdade. Um sinal de que o nosso país não se resigna à cobardia moral nem à indiferença cultural.

Portugal é um país de portas abertas, mas de cabeça erguida. Quem aqui vive deve partilhar o valor essencial que nos une: o respeito pela dignidade humana.

E estamos ao lado das mulheres que, muitas vezes em silêncio, vivem presas a imposições que não escolheram. Está do lado de uma sociedade que quer ser aberta, mas que não aceita abdicar dos seus princípios.

Esta proposta representa mais do que um ato político é uma afirmação de soberania. É dizer, com coragem, que Portugal não se vergará à pressão do politicamente correto nem à chantagem moral de quem confunde tolerância com submissão.

Considero este um passo histórico em defesa das mulheres, da liberdade e da nossa identidade nacional. Portugal é, e continuará a ser, um país de braços abertos, mas de rosto descoberto.

Economista e deputado à Assembleia da República

Diário de Notícias
www.dn.pt