Polícias, acreditem!

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Teremos razões para estarmos desmotivados, cansados, exaustos? - Sim, temos. Presentemente, a exigência, as dificuldades e a complexidade do serviço policial, nos leva a isso;

Teremos razões para recear pelo nosso futuro? - Certamente. Apesar de um sem número de alertas, reivindicações, apelos e propostas, os sucessivos governos não nos têm dado a devida atenção. Uma displicência que nos desvaloriza, deixando-nos receosos;

Teremos a necessidade de apontar os responsáveis pelo quadro quase apocalíptico em que se encontra a instituição Polícia de Segurança Pública? - Sem dúvida. Esta é a forma de compreendermos as alternativas e qual o caminho a seguir;

Teremos de valorizar, ainda assim, as conquistas e as lutas travadas? - Indubitavelmente. Essa valorização é imprescindível para a motivação na continuação de um trabalho que tem sido árduo, num contexto e modelo cada vez mais penoso;

Teremos razões para contestar o acordo celebrado em julho de 2024? - Porque não?! Mas nunca perdendo a noção de o compreender e conceber nos termos, contexto, enquadramento e veracidade em que foi celebrado. Isto, numa perspectiva construtiva, realista e consequente;

Teremos o direito de desconfiar do cumprimento do acordo? - Com certeza. Tanto quanto a de exigir o seu cumprimento, pela importância que terá na melhoria da vida dos profissionais da PSP.

Aproveito para evidenciar...

Que hoje, mesmo os que, legitimamente, não assinaram o acordo, sugerem aos responsáveis governativos o voltar às negociações e, inclusive, o integral cumprimento do que ficou documentado;

Que hoje, face ao que aconteceu após o acordo (a queda do governo) se nada ficasse garantido através da assinatura do mesmo, culminaria num vazio, ou como argumento futuro, de ausência de compromisso;

Que hoje, e bem, questionam os mais atentos: "para além da crítica, o que foi feito (com consequência positiva na vida dos polícias) por os que optaram não o assinar?";

Que hoje, há quem continue ainda a ignorar e a omitir que o acordo contempla muito mais do que 100 euros (valor em causa e que diferenciava a proposta do governo do da plataforma), como a revisão das tabelas remuneratórias, dos suplementos, a alteração à portaria de avaliação, entre outros.

Já agora, afirmar ...

Que teremos a obrigação de forçar o cumprimento do acordo e negociá-lo até ao limite. Todos! Mesmo aqueles que não terão eticamente e moralmente essa legitimidade, mas que a lei lhes concede esse direito;

Que o atual governo não tem qualquer razão para não o cumprir, pois foi assumido um compromisso por um executivo, cujo seu responsável máximo é o mesmo.

Terei eu razões para acreditar? - Tenho. Uma forte convicção! Porque, apesar de tardar a continuidade das negociações e o cumprimento do referido acordo, sei que o Primeiro-Ministro e a Ministra da Administração Interna já o assumiram. Acredito, mesmo sabendo que alguns, por uma questão de sobrevivência, desejam que corra mal ou sequer venha a realizar-se. Isto, porque terão de justificar aos que representam as posições tomadas - e, também, porque as "OPAS", como tudo na vida, tem um fim...

Caros colegas acreditem, não permitiremos que se criem subterfúgios, argumentos ou que se invoque o esquecimento. Continuaremos a lutar pela valorização de todos os profissionais da PSP (Agentes, Chefes e Oficiais).

Queremos mais, necessitamos de mais, MERECEMOS mais!

Paulo Santos

Presidente ASPP/PSP

Diário de Notícias
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