Os governos são eleitos para governar e Portugal precisa de estabilidade

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A queda do Governo Regional da Madeira, em dezembro passado, resultou da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega, com os votos favoráveis de todos os partidos da oposição – PS, JPP, IL e PAN. Com os resultados mais recentes, os madeirenses deixaram uma vez mais claro que estão fartos desta forma de fazer política, assente em táticas de conquista do poder em vez do respeito pela vontade expressa nas urnas.

Esta moção de censura resulta exclusivamente da natureza dos partidos, que estão mais interessados em conquistar o poder do que em garantir a estabilidade governativa e respeitar que quem vence as eleições deve implementar as medidas escolhidas pelos eleitores. E tudo é instrumentalizado para forçar a chegada ao poder, teatralizam-se investigações judiciais que, mais tarde, vão servir de desculpa para decisões partidárias, funcionando como uma espécie de tentativa de punição antecipada, antes sequer da justiça ter oportunidade de atuar.

Estas atitudes apenas descredibilizam os partidos e todo o sistema, da justiça, que não merece esta instrumentalização, à Presidência da República que, mais uma vez, foi incapaz de defender os interesses dos madeirenses e limitou-se a assistir da bancada a este circo montado na Madeira.

A tática dos partidos foi assumir que não seriam fatores de estabilidade, e que nunca viabilizaram um governo liderado por Miguel Albuquerque, numa espécie de chantagem junto das pessoas. O Presidente da República respondeu com aquilo que tem sabido fazer nestas alturas, com o silêncio. Os madeirenses responderam, basta.

O Presidente da República devia assumir de uma vez por todas a sua incapacidade para resolver os problemas de instabilidade política que o país tem atravessado, em vez de se preocupar com a perpetuação da sua equipa na Presidência da República.

Ainda esta semana, o seu Conselheiro de Estado e atual candidato à Presidência da República, Marques Mendes, anunciou o apoio de outra Conselheira de Estado em funções, a Dra. Leonor Beleza. Recorde-se que tanto Marques Mendes como Leonor Beleza foram nomeados diretamente por Marcelo Rebelo de Sousa para o Conselho de Estado. São dois elementos que partilham com Marcelo a responsabilidade por este mandato cheio de casos e casinhos. De quem tanto defende a transparência e a frontalidade, o mínimo que se esperava era que estes dois Conselheiros de Estado se afastassem do cargo antes de assumirem o seu interesse e o seu envolvimento nas próximas eleições presidenciais. Nada os obriga a fazê-lo, é certo, mas sendo indicação direta de Marcelo Rebelo de Sousa era o que deveriam ter feito.

Na Madeira ficou claro que as pessoas estão fartas desta forma de fazer política em Portugal, que estão fartos das táticas partidárias e que mais uma vez Marcelo Rebelo de Sousa e a sua equipa falharam. Os portugueses sabem tomar decisões e sabem penalizar quem é responsável pela instabilidade, as táticas de antigamente já não iludem os portugueses que estão fartos deste taticismo básico que assola os partidos políticos e a Presidência da República.

* Candidato à Presidência da República

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