Os EUA a caminho do fascismo

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Para cotejo com o que se passa atualmente nos EUA, perguntei a um bot de IA quais as características típicas de regimes políticos fascistas. Eis a resposta, com o meu contributo entre parêntesis:

Nacionalismo extremo, exaltando a nação e a cultura em detrimento de outras, promovendo a ideia de superioridade nacional (America First, o slogan-pilar de Trump e do movimento MAGA, é um exemplo de manual).

Autoritarismo, rejeitando a democracia liberal e concentrando o poder num líder carismático ou num partido único (é manifesto o uso e abuso de legislação excecional pelo Executivo, fugindo ao escrutínio do Congresso, em matérias como o combate à imigração e a aplicação de tarifas, a recusa em cumprir decisões judiciais e ataques a juízes).

Culto da personalidade, cultivando uma imagem de grandeza e infalibilidade do líder, apresentado como salvador da nação (dos discursos e da retórica de Trump às reuniões “norte-coreanas” do governo, e sucessivas declarações de lealdade canina ao querido líder).

Repressão da oposição, com perseguições a opositores, censura à imprensa e controle das mídia (a perseguição aos opositores políticos e advogados já começou, com a instrumentalização do DoJ e do FBI, sendo também frequentes os ataques às mídia independentes).

Militarismo, valorizando a força militar e promovendo uma política externa agressiva, glorificando a guerra como meio de expandir a influência nacional (é claro o primado da força – com violação do Direito, interno ou internacional – nos bombardeamentos ao Irão e nas ameaças da sua utilização no Panamá e na Gronelândia).

Populismo, com utilização de uma retórica que se apresenta como voz da vontade popular (Trump sempre foi um demagogo populista, legitimado por duas vitórias eleitorais).

Controle estatal sobre a economia, com colaboração entre o governo e grandes empresas (cfr. o conluio com vários tecnoligarcas, e as ameaças aos retalhistas e importadores de bens sujeitos a tarifas para que as absorvam).

Desprezo pela igualdade, desconsiderando os princípios de igualdade social e os direitos humanos, promovendo desigualdades baseadas em raça, etnia ou classe (v. o carinho dedicado por Trump a grupos racistas, os negócios da sua família com bilionários, e a eliminação de medidas de discriminação positiva, que perpetua as desigualdades).

Ideologia totalitária, tentando controlar todos os aspetos da vida pública e privada, incluindo a educação e a cultura (v. o desmantelamento do Departamento de Educação, a perseguição a universidades liberais, tentando condicionar ou alterar os seus programas de ensino, e as ameaças a T. Swift e a B. Springsteen).

Antisocialismo e anti-intelectualismo, desvalorizando o pensamento crítico, considerando-os ameaças (já começou o ataque a políticas sociais (ex: a Big Beautiful Bill) aumentando as desigualdades, e o ataque a intelectuais liberais e à ciência).

Em suma, os EUA ainda não estão lá, mas caminham a passos largos…

Diário de Notícias
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