Opinião pessoal (XLVII)

Publicado a
Atualizado a

Ainda sobre os desafios principais para a Saúde Pública que, pela certa, enfrentaremos no futuro, retomo, hoje, o tópico da prevenção focada nas vacinas destinadas a prolongar a nossa própria vida, mas, simultaneamente, assegurar mais energia e mais saúde. Por outras palavras, realço as ações que visam não só retardar o fim da vida, como, também, reduzir a probabilidade de surgirem doenças e incapacidades evitáveis.

É um assunto que está a ser alvo de debates entre médicos e cientistas, incluindo em Portugal. Ainda recentemente (novembro, 2024), em duas reuniões magnas, ambas ocorridas em Lisboa, este tema foi amplamente discutido. Refiro-me ao 40.º Congresso de Pneumologia (que juntou 800 especialistas) e à Conferência da Associação Europeia de Saúde Pública (EUPHA) que congregou 3000 participantes.

Durante as sessões científicas que aí tiveram lugar, os congressistas identificaram como ameaça uma preocupante tríade composta pela gripe, pela covid-19 e pelas infeções provocadas pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR).

Na ocasião, todos reconheceram a oportunidade em implementar programas preventivos com recurso às vacinas comprovadamente eficazes e seguras que estão disponíveis no mercado em Portugal. Sublinharam que, para os adultos acima dos 65 anos de idade, a nova vacina de alta dose contra a gripe está indicada sobretudo para quem tem fatores de risco (doenças crónicas, em particular).

Para a covid-19, a vigilância laboratorial genómica é essencial para reconhecer mutações e, em consequência, adaptar, se necessário, as vacinas a eventuais novas variantes.

Para as infeções pelo VSR recomendam a vacina quer destinada a adultos, quer uma outra indicada para grávidas, na perspetiva de proteger as crianças das bronquiolites.

Há, igualmente, outras vacinas para prevenir infeções respiratórias de origem bacteriana (como as provocadas por pneumococos) e o herpes zoster (Zona).

Como tenho insistido, é o Estado que tem a responsabilidade de garantir a equidade para que as pessoas tenham acesso às medidas preventivas, independentemente dos respetivos rendimentos familiares.

Realço que os investimentos necessários à aquisição de vacinas são, logo, compensados por menos mortes, menos doenças, menos incapacidade para o trabalho, menos dias de hospitalização, menos admissões em cuidados intensivos, menos tratamentos. Ganham as pessoas e o Estado.

Conclusões:
Mais longevidade e menor carga de doença estão ao nosso alcance, à distância de observarmos quatro conselhos (como resumiu a pneumologista Paula Pinto):

1.  Vacinar adultos;
2.  Manter alimentação equilibrada com menos sal e menos açúcar;
3.  Promover o exercício físico;
4.  Dormir bem.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt