Este foi o mote para uma conversa com a Ordem dos Psicólogos Portugueses. Quanto custa o amor? Boa pergunta, pensei eu. Acho que custa muito pouco e muitíssimo ao mesmo tempo..O amor não está à venda, não tem hora marcada e nem se manda vir por encomenda. Desenganem-se aqueles que pensam que assim é, que forçam e acreditam que poderão sentir algo apenas porque o desejam sentir. Não. O amor é feito de outras coisas, todas elas imprevisíveis e que chegam, às vezes, de mansinho, outras vezes de rompante... mas sempre sem pré-aviso. E, por esse motivo, porque aparece não se sabe muito bem de onde, seriamos tentados a dizer que não custa nada..Mas custa muito. Custa muito porque não basta o amor chegar e instalar-se, insidioso e confiante, tomando conta dos corações, das mentes e dos corpos... Não basta encher quem ama de amor. É preciso cuidar desse amor..Falamos de cuidados diários, nas mais pequenas coisas que podem até parecer ridículas de tão insignificantes que aparentam ser, mas que de insignificantes nada têm..Falamos de alimentar o amor e regá-lo com paciência, respeito, humor e dedicação. Um amor que é feito das rotinas e das surpresas, dos previstos e dos imprevistos, dos silêncios e das palavras. Do "eu" e do "nós". Que é feito de partes que, inteiras, se complementam. E que reclamam (e ainda bem que o fazem) atenção, carinho e cedências. E perdão..Mas cuidar do amor é também cuidar do amor-próprio. Gostarmos de nós, com todas as nossas pequenas e grandes (im)perfeições, aceitando as limitações sem, por isso, deixar de procurar um caminho de crescimento e superação. Referimo-nos aqui ao autocuidado e à capacidade em mimar... eu e os outros..Amor-próprio munido de armas e bagagens contra qualquer tipo de violência, por mais mascarada e disfarçada que esta surja. Porque a violência mascara-se, tantas e tantas vezes, qual camaleão disposto a passar despercebido. Veste-se de ciúmes de amor, de controlo porque se ama e de isolamento porque reclama só para si o objeto amado..Diria, então, em jeito de conclusão, que o amor não custa nada e custa muito. E só quem ama poderá perceber este paradoxo.