O papão digital só ameaça os entrincheirados e estagnados

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O digital não é só uma ameaça, é uma oportunidade. Esta é uma frase feita? Sim, mas é verdadeira, se soubermos olhar a oportunidade que o novo paradigma nos mostra.

O mundo mudou. Mudou e vai mudar mais. Nas empresas, chegámos ao ponto de não retorno; ou seja, nada será como dantes e só há um caminho para a frente, no sentido do digital.

Nós, enquanto recursos humanos, podemos escolher trilhar esse caminho ou ficar entrincheirados. Eu acredito na vontade do ser humano de melhorar e acredito que a reconversão do talento é possível em muitos casos (mas não em todos). A reconversão é hoje determinante nas organizações, para que não percam (de vez) o comboio da competitividade e para que possam continuar a pagar salários aos seus trabalhadores. Afinal, essa é uma das principais funções de responsabilidade social de uma empresa.

Reconverter deve ser sinónimo de melhorar, formar, aperfeiçoar. Os (verdadeiros) talentos das empresas não precisam de ser desperdiçados só porque vem aí o papão da era digital. Os talentos - que na sua essência estão dispostos a cooperar, a competir e a ajudar as suas organizações a crescer - reconvertem-se, munem-se das ferramentas profissionais que são precisas e são os primeiros a dar o exemplo e a contagiar positivamente as equipas à sua volta, em vez de as minarem.

Só a reconversão e a atualização permanente poderá ajudar as empresas a enfrentar os seus concorrentes e a contribuir para um país com melhores condições de vida e mais rendimento disponível.

A revolução digital não traz consigo apenas a ameaça dos robôs, mas pode ajudar à subida do salário médio em Portugal. Lutar apenas por um salário mínimo é ter falta de ambição; o país deve lutar por um salário médio mais alto e consistente. Quem paga hoje alguns dos melhores salários a quem sai da universidade? As tecnológicas e algumas startups dedicadas ao mundo digital.

Uma revolução digital bem conduzida é capaz de operar milagres numa economia e Portugal só tem a ganhar com isso. Quem o garante é o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital que, nesta terça-feira, encerrou o terceiro Congresso dos Gestores Portugueses, promovido pelo Fórum de Administradores e Gestores Portugueses (FAE), em Lisboa. Pedro Siza Vieira acredita que "a revolução digital vai ajudar a aumentar o rendimento disponível". Também Bernardo Correia, country manager da Google, presente num debate do mesmo evento, concordou: "A era digital vai contribuir para o aumento do salário médio nacional."

Se o digital crescer, o país cresce. A rubrica digital vai ter cada vez maior peso nos planos de negócios e nos orçamentos dos próprios Estados. Os efeitos positivos desta (re)evolução podem refletir-se, por exemplo, no "aliviar a fatura fiscal das classes médias" que até aqui pouco sentiram no bolso os ganhos da ex-geringonça governativa.

O papão digital só ameaça os entrincheirados e estagnados, como acontece, aliás, em todas as revoluções da História ou nos momentos disruptivos das organizações. Para talentos que tenham a intrínseca vontade de mudar e aspirar a ser os melhores do mercado, há sempre espaço, mesmo quando no dicionário "ameaça" vem antes de "oportunidade".

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