Um bote contra Júlio César

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A três semanas do referendo sobre a Grã-Bretanha e a Europa, os que são contra o brexit, argumentam quase só com o medo: o desastre económico que traria a saída, o desinteresse dos investidores árabes e chineses numa City de Londres isolada, as retaliações de Bruxelas... Têm razão, mas os adeptos da Grã-Bretanha europeia deviam ser também capazes de convencer com os interesses políticos e culturais, e com o destino comum que é a Europa, na qual aparentemente se acredita pouco. Nada mais desanima do que ver os "nossos" incapazes de se explicar porque o são. Já os adeptos do brexit, os pelo corte com a União Europeia, esses, discutem política - têm más ideias mas assumem-nas. Eles gritam a falácia de que a Europa lhes fragiliza a fronteiras, como se, tornada ilhéu, a Grã-Bretanha ficasse mais impermeabilizada do que está hoje. Como se a questão não fosse exatamente mais uma prova de que os países da Europa ou são Europa ou não são. Desse ponto de vista fronteiriço como de todos os demais - militar, cultural, político... Ontem, houve notícia de 18 albaneses a tentar chegar às praias de Kent num bote insuflável, dos primeiros imigrantes no canal da Mancha à maneira dos que atravessam o Mediterrâneo. Claro, esse bote vai fazer propaganda aos pró-brexit. Mas, por mais difícil que agora seja, é de lembrar que as invasões romanas e normandas ajudaram a construir a ideia em que a Grã-Bretanha se tornou, europeia.

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