Os pequenos passos devem ser assinalados

José Pacheco Pereira lançou o quarto volume da sua biografia de Álvaro Cunhal e não é da obra que vou falar, mas da mesa. Então, estavam o autor, JPP, o ministro da Cultura, João Soares, socialista, o presidente da Câmara de Peniche, António José Correia, do PCP, e o apresentador da obra, o historiador Fernando Rosas, do Bloco de Esquerda. Os três últimos, militantes da base partidária do atual governo. Uma coincidência, mera, como elas costumam ser apresentadas e muitas vezes são mesmo. Estavam os três, ali, por causa de JPP - a autoridade intelectual do autor, e no domínio da obra que se apresentava, chega para justificar a composição da mesa. Aquela mesa, hoje e aqui, existiu nesta semana e não é a naturalidade com que o facto aconteceu que nos deve fazer esquecer que não foi sempre assim. Cidadãos do mesmo país, que profissional e intelectualmente se respeitavam, estiveram separados por anátemas ideológicos. Aquela mesma mesa o confirma. O primeiro volume da biografia de Cunhal foi boicotado porque o autor, por ter sido esquerdista e depois militante do PSD, era considerado um pestífero da direita. "Não falem ao Pacheco!", foi diretiva para lhe secarem os testemunhos. Agora, com aquela mesa, se mostra que houve uma evolução. Mas esta só se torna válida quando é dita: Portugal está melhor. Por exemplo, está parecido com a Itália de quando os comunistas e os democratas-cristãos se sentavam à mesma mesa. Há 40 anos.

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