Livrar o cidadão Louçã de lutas da treta

Publicado a
Atualizado a

No texto "Cuidado, a civilização está ameaçado", no Público, Francisco Louçã critica uma dúzia de pessoas que escreveram contra a aquela coisa do BE sobre o Cartão de Cidadão. Tanta gente criticada é aviar por atacado e leva à amálgama. Louçã acaba assim: "A todos estes comentadores (...) até me custa dizer-vos o que tanto susto vos vai causar: a nota de vinte dólares vai passar a ter a figura de uma mulher. Já os vejo a estremecer de pavor: pois é mesmo uma mulher (e negra, é a ditadura do politicamente correto, e escrava, que coisa horrenda)." Sugerir-me assustado pela igualdade das mulheres e negras é amálgama. Ser antirracista, a minha vida responde por isso, até com exílio. E sobre as mulheres ainda há meses escrevi, aqui, quanto devo a ter sido militante da trotskista Ligue Communiste, francesa, no início da década de 1970. Esta foi das organizações mais influentes nos direitos das mulheres - o mais fundo contributo da Europa moderna para a civilização. E porque escrevi sobre esse passado? Pelo absurdo de ter visto, há poucos anos, trotskistas dinamarqueses a apresentar uma candidata a deputada com hijab e recusando-se a apertar a mão aos homens. Não cometo a amálgama de dizer que Louçã apoiaria uma candidata com hijab. Pelo contrário, porque conto com ele contra o islamismo, inimigo das mulheres, é que me custa vê-lo em lutas da treta. A civilização está mesmo em perigo - e dizer ameaçada ou ameaçado é que é da treta.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt